Entradas e Bandeiras
De acordo com mando Real de 1570, a Lei das Ordenanças, nas zonas rurais, em vez da Companhia de Ordenanças, se organizava uma Bandeira: tinha formação similar à de uma companhia sendo seus componentes divididos em esquadras, reunindo-se os que estavam até a uma légua da sede do capitão-mor. Foi com esta a origem das bandeiras que, um capitão e seus cabos, exploraram e devassaram o território brasileiro (era uma forma de proteção contra os ataques indígenas que já haviam destruído uma expedição de Martim Afonso em Cananéia e de Solis no Rio da Prata).
Povoado de relevo foi o de São Paulo, e o surto das bandeiras teve origem na obra dos jesuítas com suas expedições de resgate ou tropas de resgate para libertar prisioneiros de uma tribo que, atados a cordas ou encerrados em currais, destinavam-se à morte (Os jesuítas organizaram 12 vilas no séc. XVI ao sul do rio Paranapanema. Estes padres foram advertidos por Antônio Raposo Tavares para deixarem o país. No século seguinte, todos os padres jesuítas foram expulsos das colônias portuguesas por ordem do Marquês de Pombal).
Entradas e Bandeiras
No início da colonização, os interesses de Portugal se concentravam no litoral ou próximo dele. O extrativismo do pau-brasil, mesmo o plantio da cana-de-açúcar não se expandiram pelo interior. O fator geográfico, com certeza, foi um dos que mais desmotivaram a penetração dos colonizadores: a Serra do Mar, que mais parece uma grande muralha, recoberta por densas matas, dificultava a penetração. Em 1585, Fernão Cardim, tendo acompanhado o padre jesuíta Cristóvão de Gouveia de São Vicente a São Paulo, relatou: "O caminho é cheio de tijucos, o pior que nunca vi e sempre íamos subindo e descendo serras altíssimas e passando rios e caudais de águas frigidíssimas".
Os rios serviam somente como pontos de referência, oferecendo poucas condições à navegação, com quedas d'água, corredeiras e formações rochosas. Esse foi outro fator que atrasou a penetração do branco no território brasileiro. A maioria dos Bandeirantes andavam descalços,apenas alguns com botas, normalmente de couro. Usavam coletes e armaduras para se protegerem. Usavam armas como espingardas, de um único tiro e bacamartes.
As primeiras Bandeiras
Muitas vezes o governo financiava a expedição; outras vezes, limitava-se a fechar os olhos para a escravização dos índios (ilegal desde 1595), aceitando o pretexto da "guerra justa". D. Francisco de Sousa patrocinou as bandeiras de André de Leão (1601) e Nicolau Barreto (1602) que, esta, se estendeu por dois anos. Teria chegado à região do Guairá, regressando com um número considerável de índios, que algumas fontes estimam em três mil. Em agosto de 1628, quase todos os homens adultos da Vila de São Paulo estão armados para investir contra o sertão. Eram novecentos brancos e três mil índios, formando a maior bandeira até organizada, com destino ao Guaíra, para expulsar os jesuítas espanhóis e prender quantos índios conseguissem.
Tipos de Bandeiras
Houve três tipos de bandeiras: as de tipo apresador, para a captura de índios (chamado indistintamente o gentio) para vender como escravos; as de tipo prospector, voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de sertanismo de contrato, para combater índios e negros (quilombos).
De início, eram aprisionados os índios sem contato com o homem branco. Posteriormente, passaram a aprisionar os índios catequizados, reunidos nas missões jesuíticas. Grandes bandeirantes apresadores foram Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares, que forneciam índios às fazendas do Brasil que necessitavam de mão de obra escrava e não contavam com suficiente quantidade de escravos negros.
A palavra paulista aliás segundo comenta o livro «Ensaios Paulistas», Editora Anhembi, São Paulo, 1958, página 636, se deve ao visconde de Barbacena: «Quer-nos parecer que a este governador-geral se deve o mais longínquo emprego até hoje divulgado do adjetivo paulista, ocorrente numa ordem expedida em 27 de julho de 1671. O gentílico deve ter-se generalizado rapidamente. Na documentação municipal de São Paulo aparece pela primeira vez em ata de 27 de janeiro de 1695.»
Sertanista é palavra que aparece em 31 de dezembro de 1678. Bandeira aparece a 20 de fevereiro de 1677 quando o sucessor de Barbacena narra que «os índios do vale do rio São Francisco haviam degolado várias bandeiras de paulistas. Uma consulta do Conselho Ultramarino de 1676, relativa a Sebastião Pais de Barros, ao se referir a sua expedição, fala da «sua bandeira, como eles (os paulistas) lhe chamavam.» Já da palavra bandeirante o mais longínquo emprego que se conhece é muito mais recente. Verifica-se num documento assinado pelo capitão-general conde de Alva em 1740. Impressa, parece ter sido pela primeira vez em 1817, por Aires do Casal.»Os bandeirantes form homens corajosos ,destemidos,que aceitaram o encargo de se embrenhar nas matas fechadas de nosso país,fazer mapeamento do Brasil e foram os debravadores do Brasil.
Vocação dos paulistanos
Houve umas poucas expedições ao atual território de Minas Gerais, nos séculos XVI e XVII. Tais entradas foram mal registradas e sobram poucas informações sobre os caminhos e os acontecimentos das viagens dos desbravadores. Sertanistas corajosos, eram despreparados, não deram importância ao registro e à documentação das viagens. Uma bandeira vagueava anos por matas e sertões, sem uma só pessoa com conhecimento de astronomia e geografia para guiá-la (ainda não existiam instrumentos de orientação e todos procuravam o limite do Brasil que era o rio Paraná, estabelecido por Pero Lopes de Sousa em 1531). Até mesmo a interpretação errôneas da língua de uma tribo indígena fazia com que uma expedição alterasse o percurso, em incursões infrutíferas (os índios eram hostis em geral, que o diga Unhate, o escrivão de São Vicente que teve um braço amputado).
A própria inexistência de uma pessoa responsável pelo diário e mudou 10° para o oeste após o Tratado de Saragoça, todos sabiam que tinham que caminhar dez graus de sol a mais para oeste, esta era a única referência lógica). Nem mesmo historiadores conseguiram definir, com exatidão, os caminhos usados. J. Capistrano de Abreu, comentando a descrição de Gabriel Soares de Sousa sobre a viagem de Sebastião Fernandes Tourinho, diz: «No meio destas indicações e contra indicações, fielmente resumidas por Gabriel Soares, é impossível uma pessoa entender-se.»
Tipos de Bandeirantes
Antes de surgirem aldeamentos na bacia do rio da Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena escravizando-o para vendê-lo, o meio para sua subsistência (a grande captura de indígenas guaranis ocorreu em 1632 quando os Bandeirantes voltaram ao Paranapanema e levaram cativos para São Paulo os remanescentes dos indígenas na Vila do Espírito Santo. Nesta ocasião a maioria de guaranis já haviam sido enviadas para as Missões ao sul. A Capitania de Paranaguá, pertencente aos sucessores de Pero Lopes de Sousa se estendia do Paranapanema ao Rio da Prata. Em 1709 Paranaguá foi unida a São Vicente e Santo Amaro para formar a Capitania de São Paulo).
As tribos vitoriosas nas guerras ofereciam-lhes os prisioneiros em troca de armamentos. Essa "vocação interiorana" era alimentada por condições geográficas, econômicas e sociais. São Paulo, separada do litoral pela muralha da serra do Mar, voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes, que comunicavam os paulistas com o interior. Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito porque boa parte dos habitantes de São Vicente havia migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, na segunda metade do século XVI, arruinando fazendeiros.
Contra os Quilombos
Destacaram-se nas expedições para aniquilar os quilombos do Nordeste do Brasil, no século XVII, incluindo o Quilombo de Palmares, os bandeirantes Domingos Jorge Velho e Fernão Carrilho.
Domingos Jorge Velho (Parnaíba, Capitania de São Vicente, 1641 — Piancó, capitania da Paraíba, 1705) foi um Bandeirante brasileiro Mestre de Campo no Governo de Estêvão Ribeiro Baião Parente.
Filho de Francisco Jorge Velho e de Francisca Gonçalves (de Camargo), foi um dos maiores bandeirantes do Brasil. Antes de 1671 já perseguia índios no nordeste do Brasil. Teve um primeiro arraial no Sobrado, onde estabeleceu uma fazenda para criar gado na extremidade ocidental do atual estado de Pernambuco, limitando em parte com a Bahia, às margens do rio São Francisco. De 1671 a 1674, explorou as serras de Dois Irmãos e Paulista e o rio Canindé, no atual estado do Piauí; a Chapada do Araripe, os rios Salgado e Icó, no atual estado do Ceará; o rios do Peixe, Formiga, Piranhas e Piancó, no atual estado da Paraíba. Por fim, regressou ao Rio São Francisco por Pernambuco.
Acompanhou Domingos Afonso Sertão ao Piauí e, depois de combaterem os índios pimenteiras, foi sozinho ao Ceará afungentar os índios cariris. Guerreou os índios icós e sucurus e, mais ao sul, destroçou os índios calabaças e coremas na Paraíba.
Cerca de 1675 estabeleceu grande fazenda agropecuária no que se denominou Formiga. Em 1676, fundou um arraial no Piancó logo destruido pelos índios cariris, o qual reconstruiu ao exterminá-los.
De 1677 a 1680, não há notícias dele. Pode ter ido a São Paulo angariar gente e recursos para o projeto de acabar com os Palmares, pois sua patente de governador de 1688 diz que "se abalou por terra da vila de São Paulo com o número de gente branca e índios que entendeu ser bastante a conquistá-los".
Entre 1680–1684, já estaria fixado na região do rio Piranhas, formando fazenda para agropecuária no rio Piancó, afluente do rio Piranhas, e com sua gente pronta: tinha a suas ordens mil e trezentos índios e oitocentos e vinte brancos. Um de seus filhos ainda teria visitado Taió à procura de ouro.
A 3 de março de 1687, Domingos Jorge Velho assinou com o governador João da Cunha Souto Maior as condições para atacar o quilombo dos Palmares. Em 3 de dezembro de 1691, o governador de Pernambuco, o Marquês de Montebelo, confirmou as disposições acertadas antes entre Souto Maior e Domingos Jorge Velho para a campanha de destruição dos mocambos. O contrato foi ratificado pelo Marquês no mesmo dia e confirmado pela Carta Régia de 7 de abril de 1693, que estipulava as mútuas obrigações. Domingos Jorge Velho marchou imediatamente ao local, dando início a anos de combate. Contou com constantes reforços de contingentes novos, inclusive de Bernardo Vieira de Melo, mais tarde promotor da Guerra dos Mascates. Apenas em 1695 estaria o quilombo destruído. Calcula-se que no Quilombo de Palmares viviam quinze mil negros fugidos à escravidão. No mesmo ano de 1695, foi morto Zumbi.
Em 14 de março de 1695, começou sua campanha da serra da Barriga, que durou até 1697, quando caíram os últimos redutos dos escravos negros fugidos. Em 10 de fevereiro de 1699, o governador Matias da Cunha nomeou-o chefe de uma tropa para dominar os índios do Maranhão, Ceará e Pernambuco, levando missionários e tendo como lugares-tenentes Antônio de Albuquerque e Matias Cardoso de Albuquerque.
Há historiadores que afirmam que Domingos Jorge Velho não fez parte do exército sob o governo de Estêvão Ribeiro Baião Parente para mover guerra aos índios do sertão da Bahia, nem foi o destruidor do quilombo dos Palmares em 1687, como escreveram Pedro Taques e Azevedo Marques, pois que faleceu em 1670, e esses feitos militares são de datas posteriores; pertencem a um de seus sobrinhos do mesmo nome.
Domingos Jorge Velho, a quem é atribuída a participação no exército sob o governo de Estêvão Ribeiro Baião, não é aquele Domingos Jorge Velho casado com Isabel Pires de Medeiros, e filho de Simão Jorge. E sim o filho de Francisco Jorge Velho, irmão de Domingos Jorge Velho. Seu tio, como descrito acima, não fez parte do exército.
Houve na época, com pequena defasagem de tempo, dois homônimos com o nome de Domingos Jorge Velho, tio e sobrinho, frequentemente confundidos inclusive pelo famoso historiador Pedro Taques. O tio, nascido e morador de Parnaíba, SP, participou de entradas no sertão do Guairá (hoje Paraná) sob as ordens de Antonio Raposo Tavares, mas nunca esteve no Nordeste, ao que se saiba. A história da Conquista do Nordeste, entretanto, se desenrolou unicamente sob o mando das atividades sertanistas de seu sobrinho homônimo e solteiro, filho de seu irmão Francisco Jorge Velho e de Francisca Gonçalves de Camargo.
Domingos Jorge Velho I (tio), frequentemente confundido, foi filho de Simão Jorge e de Francisca Álvares Martins e casado com Izabel Pires de Medeiros e pai de Salvador Jorge Velho e Simão Velho. Seu inventário assim determina, datado de Santana de Parnaíba SP 29/12/1670. Este homônimo jamais poderia ter sido o conquistador do Nordeste, cujo primeiro contrato formal ou oficial data de 03/03/1687, quando já havia falecido muito anteriormente, em 1670.
Domingos Jorge Velho II (sobrinho), paulistano ou parnaibano, foi o verdadeiro Conquistador do Nordeste perdido em mãos de diversas tribos hostis aos colonizadores portugueses (e amigas dos franceses) e dos quilombolas, escravos negros fugidos dos engenhos de açucar dos escravistas holandeses no litoral e de outras fazendas, que passaram a atacar bandeiras e fazendeiros no interior, cujo principal e emblemático reduto foi o Quilombo dos Palmares, chefiados pelo seu chefe Zumbi, morto por um dos homens de Domingos.
Participara anteriormente do exército do Governador Estevão Ribeiro Bayão Parente contra os índios que viviam no sertão baiano do S. Francisco. Teve também fazendas às margens do Rio S. Francisco na fronteira de Bahia com Pernambuco (veja acima) e depois foi libertar o Piauí, junto com o português Domingos Afonso Mafrense "Sertão", a contrato do rico fazendeiro baiano Francisco Dias D'Ávila, que cobiçava as pastagens d'além da margem ocidental do mesmo Rio.
Em seguida separou-se de "Sertão" e foi sozinho dar combate aos índios rebelados no Cariri, Ceará, e depois na Paraíba, de cujo território foi nomeado governador e onde estabeleceu a sua fazenda definitiva de Piancó e ainda denominou o antigo rio Povoaçu, Punaré ou Paraguaçu, de "Parnaíba", em memorial ao rio do mesmo nome (trecho de corredeiras do Tietê) que corta a cidade natal de seus ancestrais, Santana de Parnaíba, berço de inúmeros bandeirantes famosos. Casou-se já idoso e não deixou descendência legal, pode ter tido filhos naturais com índias, já que seu exército indígena somava então cerca de 1300 indivíduos.
O sertanista Fernão Carrilho percorreu diversas partes do sertão nordestino, de Sergipe ao Maranhão, observando-se os artifícios que utilizou para valorizar seus serviços, articulando interesses particulares com demandas da colonização. O recorte aproximado de 1670 a 1703 foi adotado, considerando-se o conjunto de registros dos serviços realizados pelo sertanista em Sergipe e as últimas menções à sua atuação no governo interino do Estado do Maranhão. Nos percursos pelo sertão nordestino, Fernão Carrilho combateu vários redutos de escravos fugitivos, destacando-se as três expedições que comandou contra o Quilombo de Palmares, colaborou na pacificação e na redução de índios no Ceará e no Maranhão, e em algumas expedições para encontrar metais preciosos.
Em busca de ouro
As bandeiras de prospecção nasceram na metade final do século XVII. Na década de 1690 foi descoberto ouro nas serras gerais, o chamado Sertão do Cuieté, hoje o Estado de Minas Gerais. A interiorização do povoamento deu origem às capitanias de Minas (separada da capitania de São Paulo ainda na década 1720), Mato Grosso e Goiás. Principais bandeirantes foram Fernão Dias Pais, Antônio Rodrigues Arzão, Pascoal Moreira Cabral e Bartolomeu Bueno da Silva. Havia também figuras como Carlos Pedroso da Silveira, sócios e procuradores dos bandeirantes, com papel igualmente importante.
os bandeirantes foram os homens valentes,que no príncipio da colonização do Brasil,foram usados pelos portugueses com objetivo de lutar.capturarão indios e procuraam por pedras e metais preciosos.
Bandeiras de captura ou Preação
A partir de 1619, os bandeirantes intensificaram os ataques contra as reduções jesuíticas, e os artesãos e agricultores guaranis foram escravizados em massa. No entanto, muito antes de surgirem os primeiros aldeamentos na bacia do Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena o meio para sua subsistência. Essa "vocação interiorana" era alimentada por uma série de condições geográficas, econômicas e sociais. Separada do litoral pela muralha da Serra do Mar, São Paulo voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes que comunicavam os paulistas com o distante interior.
Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito. É que boa parte dos habitantes de São Vicente haviam migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, já na segunda metade do século XVI, arruinando muitos fazendeiros. Ligados a uma cultura de subsistência baseada no trabalho escravo dos índios, os paulistas começaram suas expedições de apresamento (ou preação) em 1562, quando João Ramalho atacou as tribos do vale do rio Paraíba. O bandeirismo de preação tornou-se uma atividade altamente rendosa. Para os paulistas, atacar as reduções jesuíticas era a via mais fácil para o enriquecimento.
Bandeirante Domingos Jorge Velho
Diante dos ataques, os jesuítas começaram a recuar para o interior e exigiram armas ao governo espanhol. A resposta foi nova ofensiva, dessa vez desencadeada pelas autoridades de Assunção (Paraguai), que possuíam laços econômicos com os colonos do Brasil. Mesmo após o término da União Ibérica, em 1640, quando os guaranis finalmente receberam armas dos espanhóis os paulistas foram apoiados pelo bispo D. Bernardino de Cárdenas, inimigo dos jesuítas e governador do Paraguai. Os reinos ibéricos podiam lutar entre si na Europa; no entanto, as "repúblicas" comunitárias guaranis eram o inimigo comum de todos aqueles que estivessem interessados na exploração sem limites das terras americanas.
Bandeirismo de Preação - Cronologia
1557 - Os espanhóis edificam Ciudad Real, próximo à foz do Piquiri, no Paraná, a então República do Guairá.
1562 - João Ramalho ataca as tribos do rio Paraíba, enquanto os jesuítas ajudam a dissolver a Confederação dos Tamoios.
1576 - Os espanhóis fundam Vila Rica, na margem esquerda do rio Ivaí.
1579 - Jerônimo Leitão ataca as aldeias das margens do Anhembi (Tietê).
1594-1599 - Afonso Sardinha e João do Prado investem contra as tribos do Jeticaí.
1595 - Uma carta régia proíbe a escravização dos indígenas.
1597 - Martim Correia de Sá parte do Rio de Janeiro e chega ao rio Sapucaí ou Verde.
1602 - Nicolau Barreto percorre os sertões do Paraná, Paraguai e Bolívia, atingindo as nascentes do rio Pilcomayu.
1606 - Manuel Preto segue rumo ao sul, à frente de uma bandeira.
1607 - Outra expedição, dessa vez chefiada por Belchior Dias Carneiro, dirige-se para o sul do Brasil.
1610 - Jesuítas castelhanos fundam os povoados de Santo Inácio e Loreto, na margem esquerda do Paranapanema.
1619 - Manuel Preto ataca aldeias de Jesus, Maria e Santo Inácio (província do Guairá)
1620 - Os jesuítas iniciam o povoamento do atual Rio Grande do Sul, com duas administrações: a província do Tape, com sete "povos", e a do Uruguai, com dez reduções.
1623-1630 - Onze aldeias compõem a província do Guairá, limitada pelos rios Paranapanema, Itararé, Iguaçu e Paraná (margem esquerda).
1626 - Surge a província do Paraná, com sete reduções, entre os rios Paraná e Uruguai.
1628 - Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares destroem as reduções do Guairá, em várias campanhas que terminam em 1633.
1631 - Os jesuítas criam a província do Itatim a sudeste do atual Mato Grosso do Sul.
1633 - Antônio Raposo Tavares inicia a invasão do atual Rio Grande do Sul.
1639 - A Espanha concede permissão para que os índios se armem.
1640 - Os jesuítas são expulsos de São Paulo.
1648 - Uma expedição chefiada por Antônio Raposo Tavares percorre as regiões de Mato Grosso do Sul, Bolívia, Peru (chegando ao Pacífico) e Amazônia, retomando a São Paulo em 1652.
1648 - Gabriel de Lara chega com sua bandeira à região de Paranaguá e ali funda o povoado de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, atual cidade de Paranaguá, no litoral do paraná.
1658 - A bandeira de Manoel Lourenço de Andrade atinge a ilha de São Francisco, onde o bandeirante e seus companheiros fundam a vila de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, atual São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina.
1661 - Fernão Dias Paes Leme atravessa os sertões do sul até a serra de Apucarana.
1670 - Bartolomeu Bueno de Siqueira atinge Goiás.
1671-1674 - Estêvão Ribeiro Baião Parente e Brás Rodrigues de Arzão cruzam o sertão nordestino.
1671 - Domingos Jorge Velho chefia uma expedição ao Piauí.
1673 - Manuel Dias da Silva, o "Bixira", atinge Santa Fé, nas missões paraguaias.
Manuel de Campos Bicudo percorre terras entre as bacias platina e amazônica. Em Goiás, encontra-se com Bartolomeu Bueno da Silva.
1675 - Francisco Pedroso Xavier destrói Vila Rica del Espíritu Santo (a sessenta léguas de Assunção).
1689 - Manuel Álvares de Moraes Navarro combate tribos do São Francisco e chega ao Ceará e ao Rio Grande do Norte. - Convocado pelo governo-geral, Matias Cardoso de Almeida enfrenta os "índios bravos" do Ceará e do Rio Grande do Norte em sucessivas campanhas que terminam em 1694.
Os principais Bandeirantes
Afonso Sardinha
Ângelo Francisco
Antônio Dias Adorno
Antônio Dias de Oliveira
Antônio Raposo Tavares
Antônio Soares Ferreira
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera
Baltasar Fernandes
Belchior Dias Moréia
Manuel da Borba Gato
Braz Leme
Carlos Pedroso da Silveira
Henrique da Cunha Gago
Domingos Jorge Velho
Fernando de Camargo, o Jaguaretê
Fernão Dias Pais
Francisco Dias Velho
Gabriel de Lara
João de Faria Fialho
João de Siqueira Afonso
Lourenço Carlos Mascarenhas e Araújo
Manoel Lourenço de Andrade
Manuel Preto
Mateus Luís Grou
Miguel Sutil
Nicolau Barreto
Pascoal Moreira Cabral
Pedro Vaz de Barros
Salvador Fernandes Furtado de Mendonça
Salvador Fernandes Furtado
Fernandes Tourinho
Simão Álvares
Consequências
Acampamento dos Bandeirantes
Os mais famosos bandeirantes nasceram no que é hoje o estado de São Paulo. Foram em parte responsáveis pela conquista do interior e extensão dos limites de fronteira do Brasil para além do limite do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado entre Portugal e Espanha com a intenção de dividir a posse das terras do Novo Mundo. Com isso todo o Centro Oeste passou a pertencer ao Brasil, sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goiás e de Mato Grosso, e o Brasil foi expandido, também para o sul de Laguna em Santa Catarina.
No entanto, os resultados destas expedições foram desastrosos para os povos autóctones, ora reduzidos à servidão, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, tanto pela violência dos colonos como pelo contágio de doenças para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas.
As reduções organizadas pelos jesuítas no interior do continente foram, para os paulistas, a solução para seus problemas: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes tapuias, de "língua travada" (as Reduções eram espanholas dos "Adelantados" e não eram portugueses). No século XVII, o controle holandês sobre os mercados africanos, no período da ocupação do Nordeste pelos holandeses, interrompeu o tráfico negreiro (Os holandeses ocuparam as colônias portuguesas na África, exatamente para trazerem mais escravos para o Brasil). Os colonos voltaram-se para a escravização do índio para os trabalhos antes realizados pelos africanos (o Nordeste estava ocupado pelos holandeses e somente após Nassau negociar com os produtores foi possível o retorno agrícola). Com a procura houve elevação nos preços do escravo índio, chamado o "negro da terra", que custava cinco vezes menos do que os africanos. (O preço equivalente de um escravo na África até 1850 era de um saco de café e era vendido no Brasil por 40 sacos de café).
Os paulistas não teriam atacado as missões durante dezenas de anos seguidos se não contassem com o apoio (ostensivo ou velado) das autoridades. Embora não se saiba bem quais as expedições promovidas pela Coroa e quais as de iniciativa particular, sendo também imprecisa a designação de entradas e bandeiras, o traço comum a todas foi a presença, direta ou indireta, do poder público (explicado com Raposo Tavares).
A ação dos bandeirantes foi da maior importância na exploração do interior brasileiro, bem como na manutenção da economia da colônia, fosse pelas suas consequências para o comércio, fosse porque a captura de indígenas fornecia mão-de-obra para a agricultura, principalmente cana-de-açúcar. Para além disso, não pode deles ser dissociada a descoberta de metais preciosos em vários pontos, metais esses que marcaram o papel do Brasil no conjunto do Império Colonial Português ao longo do século XVIII.
Comenta o livro «Ensaios Paulistas» abaixo citado, página 635: «A agressão dos portugueses de San Pablo» às reduções jesuíticas do sul do Brasil nos atuais Paraná e Rio Grande do Sul, assaltos de que haviam os jesuítas feito grande alarde na Europa, trouxeram aos paulistas a fama de que eram os mais insubmissos vassalos dos reis de Portugal, como demonstram os relatos seiscentistas dos capuchinhos italianos frei Miguel Angelo de Gattina e frei Dionísio de Carli, em 1667, e do engenheiro francês Froger em 1697. Montoya, na primeira metade do século XVII, proclamava que toda aquela «villa de San Pablo, era gente desalmada y alevantada que no hace caso de las leyes del Reino ni de Dios. E prossegue: «Se acaso se viam perseguidos, desamparavam casas e herdades e lá se iam para o sertão com suas mulheres, filhos e escravos, por desertos e montes em busca de novas terras.» («Dejar la villa tampoco se les da nada por que fuera de las principales fiestas muy pocos, o hombres y mujeres, estan en ella si no siempre en sus heredades o por los bosques y campos, en busca de indios en que gastan su vida.») Irresistível impulsão lançava os paulistas à selva.
Toda sua vida, «desde que salen de la escuela hasta su vejez no es sino ir e venir, y traer y vender indios. Y en toda la villa de San Pablo no habrá mas de uno o dos que no vayan a cautivar indios, o bien sus hijos, o otros de su casa con tanta libertad como si fuera minas de oro o plata.
Origens:
ELLIS JÚNIOR Alfredo O Bandeirismo Paulista e o Recuo do Meridiano Companhia Editora Nacional São Paulo 1934.
SILVA LEME Luís Gonzaga Genealogia paulistana 9 volumes Editora Duprat 1901.
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