TRÁFEGO AÉREO - DIA DO CONTROLADOR - 20 DE OUTUBRO

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O Controlador de Tráfego Aéreo é o profissional responsável em comunicar-se com os pilotos pelo rádio e determinar instruções que visem garantir a separação, a ordenação e a segurança do tráfego aéreo, seja nas proximidades de um aeroporto, nas rotas aéreas ou nas transições de subidas e descidas para os aeroportos em geral. O nome correto desse profissional é controlador de tráfego aéreo, ou seja, CAT.

Para se tornar um controlador de vôo no Brasil, pode-se escolher uma das três maneiras oficiais existentes:
1 - Cursando a Escola de Especialistas de Aeronáutica em Guaratinguetá (SP), responsável pela formação de Terceiros Sargentos habilitados em Controle de Tráfego Aéreo;
2 - Participando de concurso público realizado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) em períodos informados pelos jornais especializados;
3 - Através de escolas homologadas pelo Departamento de Aviação Civil (DAC).

A função do controlador é fiscalizar o céu através das imagens emitidas pelos radares e intervir quando necessário, ou quando solicitado pelo piloto. O controlador de vôo é, no solo, o braço direito do piloto. O controle de aproximação e decolagem das aeronaves nas áreas terminais são de responsabilidade do controle de tráfego, independente das condições de visibilidade.

Quando a aeronave atinge a cabeceira da pista, passa, automaticamente, a ser comandada pela torre, onde outros controladores operam sob condições visuais. A comunicação entre pilotos e controladores de vôo, portanto, deve ser a mais clara possível.

O papel do controlador de vôo é o de guardião da segurança de milhões e milhões de pessoas que, a todo o momento, cruzam os céus no mais fascinante meio de transporte que o homem já inventou: o avião. Só quem voa de fone nos ouvidos é capaz de saber como é valioso o trabalho de um operador numa torre de aeroporto.

O controle de tráfego aéreo é um serviço prestado com a finalidade de acelerar e manter ordenado e seguro o fluxo do tráfego aéreo. O controle de um vôo, passa pela autorização de um plano, para a realização de um vôo controlado, designação do espaço aéreo compreendido pelas aerovias superiores, inferiores e zonas de tráfego de aeródromo. No plano de vôo vai a identificação da aeronave; regras de vôo e tipos de vôo; números, tipo (s) de aeronave (s); equipamento, aeródromo de partida; hora estimada de calços fora; velocidade (s) de cruzeiro; nível (is) de cruzeiro; rota que será seguida; aeródromo de destino e duração total prevista; aeródromo (s) de alternativa; autonomia; número total de pessoas a bordo; equipamento de emergência e de sobrevivência; e outros dados.

Após essa autorização, a prestação do serviço de tráfego aéreo será fornecida por um APP (Controle de Aproximação) ou ACC (Centro de Controle de Área) e o serviço de aproximação por um APP ou TWR (Torre de Controle de Aeródromo). O serviço de controle de aeródromo será prestado por uma TWR. Somente um órgão de controle de tráfego aéreo tem jurisdição sobre um determinado espaço aéreo ficando a este a atribuição dos serviços de informação de vôo e de alerta para a aeronave (MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA, 1999).

Controle de tráfego aéreo

O sistema de controle de tráfego pode ser basicamente caracterizado pelos controladores que são responsáveis pelo processamento de informações (do quadro geral da situação, das regras dos órgãos de controle, das aeronaves, da interface controlador-tecnologia) e dispositivos de controle (que pode ser pelo radar e por consoles de auxílio à navegação). O trabalho do controlador de tráfego aéreo é gerir essas informações (do radar, da comunicação com piloto, a da equipe de controle, a de outras aeronaves simultaneamente) e guiar as aeronaves, de forma segura, já que erros podem acarretar em incidentes ou graves acidentes aeronáuticos.

Tendo em vista a característica do trabalho, os controladores de tráfego aéreo estão expostos a uma carga de trabalho físico provavelmente menor do que a carga de trabalho mental durante a prestação do serviço. Além de lidar com vários conceitos, como por exemplo, velocidade, altitude, aproximação, separação das aeronaves no espaço aéreo (manutenção de uma distância mínima segura que separa duas aeronaves em vôo), os controladores de tráfego aéreo têm de manter a comunicação com os pilotos de várias aeronaves e com a equipe de controle. Nesta comunicação, eles devem observar a fraseologia usada para comunicação (a inadequação da fraseologia, da emissão, clareza ou cotejamento das autorizações pode conduzir ao erro) e planejar o controle de tráfego em função dos tráfegos existentes (AIRSAFETYGROUP, 2003).

O sistema de controle de tráfego aéreo está sujeito a grande variabilidade em função das condições do equipamento de controle e do espaço aéreo. Devido à variação das demandas no controle de tráfego aéreo, o controlador tem de lidar, em alguns momentos, com períodos de baixa ocupação e outros momentos com períodos de ocupação máxima.

Isso acaba por acarretar em uma sobrecarga mental e por vezes física, podendo levar em alguns casos a incertezas ou até a falhas na execução da tarefa. Woods et al.(1994) destacam que tem se observado que pessoas adaptam suas tarefas continuamente para responder à variação da demanda: atividades cognitivas e físicas variam com períodos de baixa demanda, para períodos com ocupação máxima onde as exigências para execução da tarefa é mais crítica.

Essas situações criam grandes restrições na atividade cognitiva que vão desde pressões, incertezas, até as falhas (WOODS et al., 1994). Além disso, as situações próximas à faixa de limite de trabalho seguro não são raras, como por exemplo: uma quasecolisão de aeronaves (quando a condição de aproximação entre aeronaves, ou entre estas e obstáculos na superfície, que exijam mudanças bruscas e imediatas de atitudes de vôo ou de movimento); um risco de colisão (a apreensão quando a projeção da trajetória de uma aeronave indicar a necessidade de uma ação planejada e coordenada, sobre seus movimentos ou atitudes de vôo, que assegurem separações adequadas entre elas ou em relação a obstáculos na superfície); ou falhas das facilidades e serviços terrestres; ou mesmo uma dificuldade grave causada por falha na execução, ou não observância de procedimentos aplicáveis são irregularidades do dia-a-dia do controle do espaço aéreo.

No caso do controle de tráfego aéreo, a maior quantidade de falhas acontece nas seguintes situações (ISAAC e RUITENBERG, 1999):

=> 70 a 74% de falhas ocorrem sob condições e complexidade de tráfego moderado;

=> 45% de falhas acontecem durante os primeiros quinze minutos de um controlador na posição;

=> 62% de falhas ocorrem quando controladores têm menos que seis anos de experiência.

Entender como acontece a falha é um dos primeiros entendimentos de como o sucesso é obtido e como as pessoas aprendem, adaptam-se e criam segurança em um ambiente cheio de brechas em seus mecanismos de defesa, de perigo, e múltiplas metas (COOK et al. apud HOLLNAGEL et al., 2006). A falha, tanto individual quanto falha na performance em nível de sistema, representa uma inabilidade para lidar efetivamente com a complexidade (HOLLNAGEL et al., 2006).

Análise dos Incidentes

Outro ponto importante para entender o trabalho realizado no âmbito de sistemas complexos e aumentar sua resiliência é buscar, dentro dos dados de análise de incidentes (acidentes e quase-acidentes), as falhas e, principalmente, as circunstâncias pelas quais os mesmos ocorreram. Reason (1990) destaca a combinação de fatores (alguns deles latentes) que em quantidade suficiente, num determinado tempo e espaço, parecem levar à ocorrência de falhas e acidentes.

Isso vem ao encontro de uma abordagem chamada de gestão de desvios de desempenho que reconhece a possibilidade de causa dos acidentes como latentes ou manifestas (HOLLNAGEL, 2003). Porém, questões positivas podem ser levadas em consideração na abordagem de desvios e falhas. Uma primeira observação a ser feita é que usuários de um sistema, e o próprio sistema, podem ser capacitados e aprender acerca da natureza dos acidentes. Além disso, um desvio pode também ser visto com uma inovação. Nesse momento, um sistema resiliente é capaz de analisar as conseqüências de uma ação incomum e ver o que e como aconteceu (HOLLNAGEL, 2003).

Outra classe de fator que deve ser levada em consideração são os recursos e restrições impostas pelo contexto organizacional. A importância de fatores organizacionais na falha dos sistemas pode ser avaliada por o quanto que uma empresa investe em treinamento e prática. Também pressões organizacionais podem exacerbar conflitos entre metas e afetar o critério adotado pelos trabalhadores na escolha de meios para atingir as metas (WOODS et al., 1994). Sistemas complexos são caracterizados, entre outros fatores, por múltiplos conflitos de metas, e a segurança deve ser constituída por processos resilientes proativos, muito mais que processos ativos de barreiras e defesas reativas.

Controle de tráfego aéreo - Aviação

Portanto, no caso do controle de tráfego aéreo, o enfoque da engenharia de resiliência objetiva enfatizar para a organização sobre a importância de reduzir a pressão por resultados, para diminuir os riscos de incidentes. Um exemplo pode ser o fornecimento de informações necessárias para decidir sobre a interrupção, ou não, de um pouso de uma aeronave em um aeroporto que está sob uma condição meteorológica na qual aumenta o risco de um acidente aeronáutico (HOLLNAGEL et al., 2006).

A utilização dos preceitos da Engenharia de Sistemas Cognitivos e, em particular, da Engenharia de Resiliência mostra-se adequada ao trabalho de controle de tráfego aéreo tendo em vista o caráter dinâmico, de grande variabilidade do sistema humano/tecnologia. As situações a que os controladores estão expostos estão muitas vezes no limite da segurança, sendo que as causas de incidentes podem ser por fatores organizacionais (no caso de conflito de metas, por exemplo), por falha do projeto do equipamento (principalmente na interface humano-tecnologia) ou no processamento de informação para a tomada de decisão, o que não exclui a interdependência com as outras causas.

Quando se investiga o modelo mental, a percepção situacional, o nível de conhecimento dos controladores e suas estratégias de tomada de decisão e ação, pode-se gerar conhecimento sobre o sistema de forma a minimizar os custos, principalmente humanos, envolvidos, e construir sistemas futuros mais robustos, inclusive com controladores melhor capacitados para lidar com a variabilidade e complexidade do sistema que, inevitavelmente, tornar-se-á cada vez mais complexo.

- Ministério da Aeronáutica - Regras do Ar e Serviços de Tráfego Aéreo - 1999.

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