LITERATURA - AUGUSTO DE CAMPOS

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Poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música, .Nascido em São Paulo,em 1931 Em 1951, publicou o seu primeiro livro de poemas, O REI MENOS O REINO. Em 1952, com seu irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou a revista literária "Noigandres", origem do Grupo Noigandres que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil. O segundo número da revista (1955) continha sua série de poemas em cores POETAMENOS, escritos em 1953, considerados os primeiros exemplos consistentes de poesia concreta no Brasil.

O verso e a sintaxe convencional eram abandonados e as palavras rearranjadas em estruturas gráfico-espaciais, algumas vezes impressas em até seis cores diferentes, sob inspiração da Klangbarbenmelodie (melodia de timbres) de Webern. Em 1956 participou da organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta (Artes Plásticas e Poesia), no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua obra veio a ser incluída, posteriormente, em muitas mostras, bem como em antologias internacionais como as históricas publicações Concrete Poetry: an International Anthology, organizada por Stephen Bann (London, 1967), Concrete Poetry: a World View, por Mary Ellen Solt (University of Bloomington, Indiana, 1968), Anthology of Concrete Poetry, por Emmet Williams (NY, 1968).

A maioria dos seus poemas acha-se reunida em VIVA VAIA, 1979, DESPOESIA (1994) e NÃO (com um CDR de seus Clip-Poemas), (2003). Outras obras importantes são POEMÓBILES (1974 e CAIXA PRETA (1975), coleções de poemas-objetos em colaboração com o artista plástico e designer Julio Plaza.

Como tradutor de poesia, Augusto especializou­se em recriar a obra de autores de vanguarda como Pound (Mauberley, The Cantos), Joyce (Finnegans Wake), Gertrude Stein e Cummings, ou os russos Maiakóvski e Khliébnikov, Traduziu também alguns dos grandes "inventores" do passado: Arnaut Daniel e os trovadores provençais, Donne e os "poetas metafíscos", Mallarmé e os Simbolistas franceses. Uma primeira antologia de sua obra tradutória, expandida depois em diversas monografias, é VERSO REVERSO CONTROVERSO (1978). Algumas de suas últimas publicações nesse campo: RIMBAUD LIVRE (1992), HOPKINS: A BELEZA DIFÍCIL (1997) e COISAS E ANJOS DE RILKE (2001).

Como ensaísta é co­autor de TEORIA DA POESIA CONCRETA, com Haroldo de Campos e Decio Pignatari, 1965, and autor de outros livros tratando de poesia de vanguarda e de invenção, como POESIA ANTIPOESIA ANTROPOFAGIA, 1978, O ANTICRÍTICO, 1986, LINGUAVIAGEM, 1987, À MARGEM DA MARGEM, 1989. Com Haroldo e Pignatari lutou pela revalorização da obra de Oswald de Andrade, e também redescobriu a obra olvidada do poeta maranhense Sousândrade (1832-1902), um precursor da poesia moderna com seu "Inferno de Wall Street" (1877) em RE­VISÃO DE SOUSANDRADE,1964).

BALANÇO DA BOSSA (E OUTRAS BOSSAS), 1968-1974, reuniu seus estudos pioneiros sobre o Tropicalismo e a MPB assim como as suas intervenções no campo da música contemporânea tratando de Charles Ives, Webern, Schoenberg e os compositores brasileiros do grupo "Musica Nova". Ensaios posteriores enfocando a música e a poesia de Cage e as obra radicais de Varèse, Antheil, Cowell, Nancarrow, Scelsi, Nono, Ustvólskaia, entre outros, foram recolhidos no livro MÚSICA DE INVENÇÃO (1998).


A partir de 1980, intensificou os experimentos com as novas mídias, apresentando seus poemas em luminosos, videotextos, neon, hologramas e laser, animações computadorizadas e eventos multimídia, abrangendo som e música, como a leitura plurivocal de CIDADECITYCITÉ (com Cid Campos),1987/ 1991. Seus poemas holográficos (em cooperação com Moyses Baumstein) foram incluídos nas exposições TRILUZ (1986) e IDEHOLOGIA (1987).

Um videoclip do poema PULSAR, com música de Caetano Veloso, foi produzido por ele em 1984, numa estação Intergraph, com a colaboração do grupo Olhar Eletrônico. POEMA BOMBA e SOS, com música de seu filho, Cid Campos, foram animados numa estação computadorizada Silicon Graphics da Universidade de São Paulo, 1992-3. Sua cooperação com Cid, iniciada em 1987, ficou registrada em POESIA É RISCO (CD editado em 1995 pela PolyGram) e se desenvolveu no espetáculo de mesmo nome, uma performance "verbivocovisual" de poesia/música/imagem com edição de vídeo de Walter Silveira, apresentada em diversas cidades do Brasil e no exterior. Suas animações digitais - os CLIP­POEMAS - foram exibidas em 1997 numa instalação que fez parte da exposição Arte Suporte Computador, na Casa das Rosas, em São Paulo.

Obras de Augusto de Campos

O REI MENOS O REINO, São Paulo, edição do autor, 1951.
POETAMENOS (1953), 1ª edição na revista­livro "Noigandres" nª 2, 1955, São Paulo, edição dos autores (2ª edição, São Paulo, Edições Invenção, 1973).
ANTOLOGIA NOIGANDRES (com Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald), São Paulo, edição dos autores, 1962.
LINGUAVIAGEM (cubepoem), limited edition of 100 copies, designed by Philip Steadman, Brighton, England, 1967, e na versão original, edição do autor, São Paulo, 1970.
EQUIVOCÁBULOS, São Paulo, Edições Invenção, 1970.
COLIDOUESCAPO, São Paulo, Edições Invenção, 1971.
POEMÓBILES (1968­74), poemas­objetos, em colaboração com Julio Plaza, São Paulo, edição dos autores, 1974; 2ª edição, São Paulo, Brasiliense, 1985.
CAIXA PRETA, poemas e objetos­poemas em colaboração com Julio Plaza, São Paulo, edição dos autores, 1975.
VIVA VAIA (Poesia 1949­79), São Paulo, Duas Cidades, 1979; 3a edição, revista e ampliada, Ateliê Editorial, 2001.
EXPOEMAS (1980-­85), serigrafias de Omar Guedes, São Paulo, Entretempo, 1985.
NÃO, poema­xerox, edição do autor, 1990.
POEMAS, antologia bilingüe, a cargo de Gonzalo M. Aguilar, Buenos Aires, Instituto de Literatura Hispanoamericana, 1994.
DESPOESIA (1979-1993), São Paulo, Perspectiva, 1994.
POESIA É RISCO (CD-livro), antologia poético­musical, de O Rei Menos o Reino a Despoemas, em colaboração com Cid Campos, Rio de Janeiro, Polygram, 1995.
CLIP-POEMAS, 16 poemas-animados digitais - exposição "Arte Suporte Computador", São Paulo, Casa das Rosas, 1997.
ANTHOLOGIE - DESPOESIA, préface et tradiction de Jacques Donguy. Romaville, France, Al Dante, 2002.
NÃO, com CD-Rom CLIP-POEMAS, São Paulo, Perspectiva, 2003.

Ensaios

RE/VISÃO DE SOUSÂNDRADE (com Haroldo de Campos), São Paulo, Edições Invenção, 1964 (3ª edição, ampliada, São Paulo, Perspectiva, 2002).
TEORIA DA POESIA CONCRETA (com D. Pignatari e H. de Campos). São Paulo, Edições Invenção, 1965; 2ª edição, ampliada, São Paulo, Duas Cidades, 1975; 3ª edição, Brasiliense, 1987).
SOUSÂNDRADE - POESIA (com H. de Campos), Rio de Janeiro, Agir, 1966; 3ª edição, revista, 1995.
BALANÇO DA BOSSA (com Brasil Rocha Brito, Julio Medaglia, Gilberto Mendes), São Paulo, Perspectiva, 1968 (2ª edição, ampliada: BALANÇO DA BOSSA E OUTRAS BOSSAS, 1974).
GUIMARÃES ROSA EM TRÊS DIMENSÕES (com H. de Campos e Pedro Xisto), São Paulo,
Comissão Estadual de Literatura, Secretaria da Cultura, 1970.
RE/VISÃO DE KILKERRY, São Paulo, Fundo Estadual de Cultura, Secretaria da Cultura, 1971 (2ª edição, ampliada, São Paulo, Brasiliense, 1985).
REVISTAS RE/VISTAS: OS ANTROPÓFAGOS, introdução à reedição fac­similar da "Revista da Antropofagia", São Paulo, Abril/Metal Leve S.A., 1975.
REDUCHAMP, com iconogramas de Julio Plaza, São Paulo, Edições S.T.R.I.P., 1976.
POESIA ANTIPOESIA ANTROPOFAGIA, São Paulo, Cortez e Moraes, 1978.
PAGU: VIDA-OBRA, São Paulo, Brasiliense, 1982.
À MARGEM DA MARGEM, São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
OS SERTÕES DOS CAMPOS (com Haroldo de Campos), Rio de Janeiro, Sette Letras, 1997.
MÚSICA DE INVENÇÃO, São Paulo, Perspectiva, 1998.

Traduções e Estudos

DEZ POEMAS DE E.E. CUMMINGS, Rio de Janeiro, Serviço de Documentação­MEC, 1960.
CANTARES DE EZRA POUND (com D. Pignatari e H. de Campos), Rio de Janeiro, Serviço de Documentação­MEC, 1960.
PANAROMA DO FINNEGANS WAKE (com H. de Campos), São Paulo, Comissão Estadual de Literatura, Secretaria da Cultura, 1962;3ª edição, ampliada, São Paulo, Perspectiva, 2001.
POEMAS DE MAIAKÓVSKI (com H. de Campos e B. Schnaiderman), Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1967 (2ª edição, ampliada, São Paulo, Perspectiva, 1982).
POESIA RUSSA MODERNA (com H. de Campos e B. Schnaiderman), Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968; 3ª edição, ampliada, Perspectiva, 2001.
TRADUZIR E TROVAR (com H. de Campos), São Paulo, Papyrus, 1968.
ANTOLOGIA POÉTICA DE EZRA POUND (com D. Pignatari, H. de Campos, J. L. Grünewald
e Mário Faustino), Lisboa, Ulisséia, 1968.
ABC DA LITERATURA, de Ezra Pound (com José Paulo Paes), São Paulo, Cultrix, 1970.
MALLARMARGEM, Rio de Janeiro, Noa­Noa, 1971. Mallarmé (com D. Pignatari e H. de Campos), São Paulo, Perspectiva, 1978.
O TYGRE, de William Blake, São Paulo, edição do autor, 1977.
JOHN DONNE, O DOM E A DANAÇÃO, Florianópolis, Noa­Noa, 1978.
VERSO REVERSO CONTROVERSO, São Paulo, Perspectiva, 1979.
20 POEM(A)S - E.E. CUMMINGS, Florianópolis, Noa­Noa, 1979.
MAIS PROVENÇAIS: RAIMBAUT E ARNAUT, Florianópolis, Noa­Noa, 1982 (2ª edição, ampliada, São Paulo, Companhia das Letras, 1987).
EZRA POUND - POESIA (com D. Pignatari, H. de Campos. J. L. Grünewald e M. Faustino). Organização, introdução e notas de A. de Campos), São Paulo, Hucitec, 1983.
PAUL VALÉRY: A SERPENTE E O PENSAR, São Paulo, Brasiliense, 1984.
JOHN KEATS: ODE A UM ROUXINOL E ODE SOBRE UMA URNA GREGA, Florianópolis, Noa­Noa, 1984.
JOHN CAGE: DE SEGUNDA A UM ANO, introdução e revisão da tradução de Rogério Duprat, São Paulo, Hucitec, 1985.
40 POEM(A)S - E.E. CUMMINGS, São Paulo, Brasiliense, 1986.
O ANTICRÍTICO, São Paulo, Companhia das Letras, 1986.
LINGUAVIAGEM, São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
PORTA-RETRATOS: GERTRUDE STEIN, Florianópolis, Noa Noa, 1990.
HOPKINS: CRISTAL TERRÍVEL, Florianópolis, Noa Noa, 1991.
PRÉ-LUA E PÓS-LUA, São Paulo, Arte Pau Brasil, 1991
RIMBAUD LIVRE, São Paulo, Perspectiva, 1992.
IRMÃOS GERMANOS, Florianópolis, Noa Noa, 1993.
RILKE: POESIA-COISA, Rio de Janeiro, Imago, 1994.
HOPKINS: A BELEZA DIFÍCIL, São Paulo, Perspectiva, 1997.
POEM(A)S - E.E. CUMMINGS, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1999.
COISAS E ANJOS DE RILKE, São Paulo, Perspectiva, 2001.
INVENÇÃO: DE ARNAUT E RAIMBAUT A DANTE E CAVALCANTI, São Paulo, Arx, 2003.
POESIA DA RECUSA, São Paulo, Perspectiva, 2006.
QUASE-BORGES + 10 TRANSPOEMAS, São Paulo, Memorial da América Latina (Coleção Memo), 2006.
EMILY DICKINSON - NÃO SOU NINGUÉM, São Paulo, Editora da Unicamp, 2008.
AUGUST STRAMM: POEMAS-ESTALACTITES, São Paulo, Perspectiva, 2008.
BYRON E KEATS: ENTREVERSOS, São Paulo, Editora da Unicamp, 2009.
POÉTICA DE OS SERTÕES, São Paulo, Casa Guilherme de Almeida, 2010.
POEM(A)S E. E. CUMMINGS (ed. revista e ampliada). São Paulo, Editora da Unicamp, 2011..

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