Os beija-flores são aves de pequeno porte, que medem em média 6 a 12 cm de comprimento e pesam 2 a 6 gramas. O bico é normalmente longo, mas o formato preciso varia bastante com a espécie e está adaptado ao formato da flor que constitui a base da alimentação de cada tipo de beija-flor. Uma característica comum é a língua bifurcada e extensível, usada para extrair o néctar das flores.
Beija flor
O esqueleto e constituição muscular dos beija-flores estão adaptados de forma a permitir um vôo rápido e extremamente ágil. São as únicas aves capazes de voar em marcha-ré e de permanecer imóveis no ar. O batimento das asas é muito rápido e as espécies menores podem bater as asas 70 a 80 vezes por segundo. Em contraste, as patas dos beija-flores são pequenas demais para a ave caminhar sobre o solo. As fêmeas são em geral maiores que os machos, mas apresentam coloração menos intensa.Vivem em média 12 anos e seu tempo de incubação é de 13 a 15 dias.
Tipos, espécies e localização
O beija-flor, colibri ou cuitelo é uma ave da ordem Apodiformes, que inclui apenas a família Trochilidae e seus 108 gêneros. Existem 322 espécies conhecidas. No Brasil, alguns gêneros recebem outros nomes, como os rabos-brancos do gênero Phaethornis ou os bicos-retos do gênero Heliomaster. No antigo sistema classificativo, a família Trochilidae integrava a ordem Apodiformes, juntamente com os andorinhões. Entre as características distintivas do grupo, contam-se o bico alongado, a alimentação à base de néctar, 8 pares de costelas, 14 a 15 vértebras cervicais, plumagem iridescente e uma língua extensível e bifurcada.
O grupo é originário das Américas e ocorre desde o Alasca à Terra do Fogo. A maioria das espécies é tropical e subtropical e vive entre as latitudes 10ºN e 25ºS. A maior biodiversidade do grupo encontra-se no Brasil e no Equador, que contam com cerca de metade das espécies conhecidas de beija-flor. Os troquilídeos estão ausentes do Velho Mundo, onde o seu nicho ecológico é preenchido pela família Nectariniidae (Passeriformes).
Reprodução
É a fêmea que constrói o ninho e cuida da incubação. Normalmente dura de 16 a 17 dias a eclosão dos dois ovos que costumam ter a cor branca. Até os filhotes saírem do ninho ainda vai um período de 20 a 30 dias nos quais permanecem sendo alimentados pela mãe.
Certas espécies como a Leucochloris albicollis, apreciadora das regiões de altitude da Mata Atlântica, são bastante canoras. O macho, desta espécie, emite um característico e longo trinado para atrair a fêmea e se acasalar.
Phaethornis eurynome, Rabo-branco-da-mata.
O formato do ninho e material de construção varia de espécie para espécie, assim como a dimensão dos ovos. A maioria costuma ter o ninho em forma de tigela utilizando materiais como fibras vegetais, folhas, teias de aranha para dar coesão externa, musgo e líquens. Todos com aparência muito delicada.
Chlorostilbon lucidus, Verdinho-do-bico-vermelho aninhado.
Contudo algumas espécies como a Phaethornis eurynome (Rabo-branco-da-mata), típica da Mata Atlântica, constróem o ninho em forma de uma bola ovalada trançada com musgo. Assemelha-se a uma rede pendente, porém presa por um único fio (este com cerca de quinze centímetros) no galho de uma planta a cerca de dois metros de altura em média. Seu ninho é revestido com líquens e sob o calor da incubação, os ovos acabam tingidos por eles. A entrada é pela lateral, próxima à base. Com esta forma, o ninho fica fechado por cima e protegido da chuva. Mas devido ao seu diminuto tamanho, curiosamente a longa cauda da fêmea pende pelo lado externo.
Comportamentos
Tal como a maioria das aves, o sentido do olfato não está muito desenvolvido nos beija-flores; a visão, no entanto, é muito apurada. Além de poderem identificar cores, os beija-flores são dos poucos vertebrados capazes de detectar cores no espectro ultravioleta.
A alimentação dos beija-flores é baseada em néctar (cerca de 90%) e artrópodes, em particular moscas, aranhas e formigas. Os beija-flores são poligâmicos.
Hylocharis chrysura, espécime brasileiro de beija-flor.
Aproveitando a grande necessidade que os beija-flores têm de um alimento energético de rápida utilização, como o néctar, que contém carboidratos em concentração variável em torno de 15 a 25%, é possível atraí-los para fontes artificiais de soluções açucaradas, os chamados "bebedouros" para beija-flores. Trata-se de recipientes com corolas artificiais onde é colocada uma solução açucarada cuja concentração recomendada é de 20%. Uma crença, que tudo indica foi iniciada a partir de uma publicação de autoria do naturalista Augusto Ruschi, diz que o uso desses bebedouros pode ocasionar doenças nessas aves, podendo até matá-las. Porém não há, na literatura ornitológica, nenhum trabalho científico comprovando isto. Essa crença tornou-se extremamente difundida na população. A doença à qual Ruschi se referiu seria a candidíase, infecção oportunista causada pelo fungo Candida albicans, que acometeria a boca dos beija-flores. É possível que esse autor tenha de fato observado essa doença em seus beija-flores, mantidos em viveiros, pelo fato de se encontrarem imunodeprimidos pelas próprias condições do cativeiro. De qualquer forma, é aconselhável que todos que forem se utilizar desse artifício para atração de beija-flores para seus jardins, sacadas, etc., procedam à limpeza diária dos bebedouros e à troca da solução açucarada, preparada sempre com açúcar comum, evitando utilizar mel, açúcar mascavo e outros preparados com maior facilidade de fermentação.
Classificações
Família Trochilidae Vigors, 1825
Subfamília Phaethornithidae Jardine, 1833
Gênero Ramphodon Lesson, 1830
Gênero Eutoxeres Reichenbach, 1849
Gênero Glaucis Boie, 1831
Gênero Threnetes Gould, 1852
Gênero Anopetia Simon, 1918
Gênero Phaethornis Swainson, 1827
Subfamília Trochilinae Vigors, 1825
Gênero Androdon Gould, 1863
Gênero Doryfera Gould, 1847
Gênero Phaeochroa Gould, 1861
Gênero Campylopterus Swainson, 1827
Gênero Aphantochroa Gould, 1853
Gênero Eupetomena Gould, 1853
Gênero Florisuga Bonaparte, 1850
Gênero Melanotrochilus Deslongchamps, 1879
Gênero Colibri Spix, 1824
Gênero Anthracothorax Boie, 1831
Gênero Topaza G. R. Gray, 1840
Gênero Eulampis Boie, 1831
Gênero Chrysolampis Boie, 1831
Gênero Orthorhyncus Lacépède, 1799
Gênero Klais Reichenbach, 1854
Gênero Stephanoxis Simon, 1897
Gênero Abeillia Bonaparte, 1850
Gênero Lophornis Lesson, 1829
Gênero Discosura Bonaparte, 1850
Gênero Trochilus Linnaeus, 1758
Gênero Chlorostilbon Gould, 1853
Gênero Panterpe Cabanis e Heine, 1860
Gênero Elvira Mulsant, J. Verreaux e E. Verreaux, 1866
Gênero Eupherusa Gould, 1857
Gênero Goethalsia Nelson, 1912
Gênero Goldmania Nelson, 1911
Gênero Cynanthus Swainson, 1827
Gênero Cyanophaia Reichenbach, 1854
Gênero Thalurania Gould, 1848
Gênero Damophila Reichenbach, 1854
Gênero Lepidopyga Reichenbach, 1855
Gênero Hylocharis Boie, 1831
Gênero Chrysuronia Bonaparte, 1850
Gênero Leucochloris Reichenbach, 1854
Gênero Polytmus Brisson, 1760
Gênero Leucippus Bonaparte, 1850
Gênero Taphrospilus Simon, 1910
Gênero Amazilia Lesson, 1843
Gênero Microchera Gould, 1858
Gênero Anthocephala Cabanis e Heine, 1860
Gênero Chalybura Reichenbach, 1854
Gênero Lampornis Swainson, 1827
Gênero Basilinna Boie, 1831
Gênero Lamprolaima Reichenbach, 1854
Gênero Adelomyia Bonaparte, 1854
Gênero Phlogophilus Gould, 1860
Gênero Clytolaema Gould, 1853
Gênero Heliodoxa Gould, 1850
Gênero Eugenes Gould, 1856
Gênero Hylonympha Gould, 1873
Gênero Sternoclyta Gould, 1858
Gênero Urochroa Gould, 1856
Gênero Boissonneaua Reichenbach, 1854
Gênero Aglaeactis Gould, 1848
Gênero Oreotrochilus Gould, 1847
Gênero Lafresnaya Bonaparte, 1850
Gênero Coeligena Lesson, 1833
Gênero Ensifera Lesson, 1843
Gênero Pterophanes Gould, 1849
Gênero Patagona G. R. Gray, 1840
Gênero Sephanoides G. R. Gray, 1840
Gênero Heliangelus Gould, 1848
Gênero Eriocnemis Reichenbach, 1849
Gênero Haplophaedia Simon, 1918
Gênero Urosticte Gould, 1853
Gênero Ocreatus Gould, 1846
Gênero Lesbia Lesson, 1833
Gênero Sappho Reichenbach, 1849
Gênero Polyonymus Heine, 1863
Gênero Ramphomicron Bonaparte, 1850
Gênero Oreonympha Gould, 1869
Gênero Oxypogon Gould, 1848
Gênero Metallura Gould, 1847
Gênero Chalcostigma Reichenbach, 1854
Gênero Opisthoprora Cabanis e Heine, 1860
Gênero Taphrolesbia Simon, 1918
Gênero Aglaiocercus Zimmer, 1930
Gênero Augastes Gould, 1849
Gênero Schistes Gould, 1851
Gênero Heliothryx Boie, 1831
Gênero Heliactin Boie, 1831
Gênero Loddigesia Bonaparte, 1850
Gênero Heliomaster Bonaparte, 1850
Gênero Rhodopis Reichenbach, 1854
Gênero Thaumastura Bonaparte, 1850
Gênero Tilmatura Reichenbach, 1854
Gênero Doricha Reichenbach, 1854
Gênero Calliphlox Boie, 1831
Gênero Microstilbon Todd, 1913
Gênero Calothorax G. R. Gray, 1840
Gênero Mellisuga Brisson, 1760
Gênero Archilochus Reichenbach, 1854
Gênero Calypte Gould, 1856
Gênero Atthis Reichenbach, 1854
Gênero Myrtis Reichenbach, 1854
Gênero Eulidia Mulsant, 1876
Gênero Myrmia Mulsant, 1876
Gênero Chaetocercus G. R. Gray, 1855
Gênero Selasphorus Swainson, 1832
Gênero Stellula Gould, 1861
Beija flor para colorir - atividades
Espécies extintas
Duas espécies de beija-flor extinguiram-se no passado recente: "Esmeralda de Brace" (Chlorostilbon bracei) e "Esmeralda de Gould" (Chlorostilbon elegans). Das 322 espécies conhecidas, a IUCN (International Union for Conservation of Nature) lista 9 como em perigo crítico de extinção, 11 como em perigo e outras 9 como vulneráveis. As maiores ameaças à preservação do grupo são a destruição, degradação e fragmentação de seus hábitats.
O beija-flor na cultura
Os beija-flores estão representados:
No brasão de armas e na moeda de 1 cêntimo de Trinidade e Tobago.
Nas linhas de Nazca.
Na cédula de R$ 1,00.
No símbolo da Prefeitura Municipal de Betim, Minas Gerais.
Na música Cuitelinho, do folclore popular de Minas Gerais.
Na música brasileira Ai que Saudade D'ocê.
Bebedouros - Cuidados
Em áreas com desequílibrio da vegetação natural ou mesmo em certos períodos do ano, quando há maior escassez de alimento, os beija-flores tendem a se especializar nos bebedouros. A hipótese é que essa fase de especialização pode provocar um desequílibrio no organismo do animal, debilitando o seu sistema imunológico. Foi observado, principalmente nestes períodos de escassez, um aumento de doenças nestes pássaros, especialmente aquelas provocadas por fungos. Isso provavelmente pode ter origem na carência de alguns nutrientes que normalmente seriam encontrados em fontes naturais de alimento, como o néctar e artrópodes.
Com a adição de sal na dieta líquida, percebeu-se um aumento na resistência às doenças, tornando-se incomum ver pássaros enfermos. Desta forma, além da troca diária da calda açucarada, é aconselhável acrescentar também uma pequena pitada de sal (NaCl). Na dosagem, o exagero de sal prejudica os pássaros, assim o ideal seria imitar a concentração do soro fisiológico.
Beija flor - bebedouro
Com relação à limpeza dos bebedouros, outrossim é importante mantê-los longe de insetos como formigas, vespas, baratas, etc. Tais insetos, além de competir pelo alimento com os pássaros, carregam parasitas, especialmente fungos que infectam os bebedouros. Um sinal vísivel, da infestação por fungos, é o pronto escurecimento do bocal e até pétalas das flores artificiais, logo após a visita dos insetos. Sendo assim é recomendável utilizar modelos de bebedouros que tenham algum dispositivo limitador de formigas, etc. Quando se notar o escurecimento das flores de plásticos, estas devem imediatamente ser esterilizadas com cloro (destinado a purificar alimentos, jamais usar produtos comuns de limpeza) e bem enxaguadas antes de serem reutilizadas.
(Aves no Campus - Hofling e Camargo - USP)
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