Na verdade, só funciona assim no imaginário coletivo. Nossos resíduos vão apodrecer, feder e atrair bichos indesejados em depósitos de lixo, em sua maioria, inadequados, como lixões e aterros controlados e que, em muitos casos, é perto das casas de outras pessoas.
E mais! Em alguns lugares não há coleta de lixo. Os resíduos são descartados em terrenos baldios, áreas de mata ou rios próximos às residências geradoras. Causam impactos negativos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
A limpeza urbana é fundamental para garantir a saúde pública. Um ambiente sujo é sinônimo de pólo de doenças. Neste sentido, o Brasil ainda tem muito que evoluir já que nem todo o lixo é coletado, nem todos os municípios tem coleta seletiva, e nem todas as cidades ou regiões metropolitanas possuem depósitos adequados, como um aterro sanitário.
Espera-se que com a Política Nacional de Resíduos Sólidos está situação mude. E para isto, não bastará mais recolher o lixo. Todo nosso esquema de descarte de sobras terá que ser repensado e operado de outra forma. O lixo, assim como a sociedade e o meio em que vivemos, pertence a todos nós. Somos nós que, respectivamente, os produzimos, construímos e usamos. Cabe a nós cuidar de cada um deles.
Faça você também a sua parte. Busque informações sobre o depósito de lixo da sua cidade, a coleta seletiva, as leis municipais, estaduais e federais.
Participe da construção da sociedade em que você gostaria de viver!
Podemos sonhar com uma nova realidade e construí-la conjuntamente!
Afinal, o que é lixo?
Chamamos de lixo tudo aquilo que não nos serve mais e jogamos fora. Os dicionários de língua portuguesa definem a palavra como sendo: coisas inúteis, imprestáveis, velhas, sem valor; aquilo que se varre para tornar limpa uma casa ou uma cidade; entulho; qualquer material produzido pelo homem que perde a utilidade e é descartado.
Você já parou pra pensar que muito do que jogamos fora e consideramos sem valor pode ser aproveitado por outras pessoas?
Mas se serve pra outras pessoas então não é lixo!
É isso aí, tá na hora de revermos o significado dessa palavra!
Que tal “tudo aquilo que foi descartado e que, após determinado processo, pode ser útil e aproveitado pelo homem”?
Os materiais que ainda podem ser usados para outros fins mesmo depois de serem descartados, passarão a ser chamados de MATERIAIS REAPROVEITÁVEIS; já aqueles materiais que precisam ser descartados, mas após sofrerem transformações podem novamente ser usados pelo homem passarão a se chamar MATERIAIS RECICLÁVEIS!!!
Por exemplo: aquela famosa poltrona feita de garrafas do tipo PET é um reaproveitamento. Por outro lado a transformação química e física da garrafa PET em fibras de poliéster para a fabricação de tecido para roupas é um processo de reciclagem.
O que é Coleta Seletiva?
O processo de reciclagem é composto de várias fases, porém sua realização depende de uma ação fundamental: a separação prévia dos materiais.
Misturar os materiais recicláveis com o lixo prejudica o reaproveitamento. Se o material reciclável for armazenado de forma separada, possibilita-se um maior aproveitamento.
Esse é só o começo do que chamamos de coleta seletiva. Trata-se da separação e recolhimento, desde a origem, dos materiais potencialmente recicláveis.
IMPORTANTE:
A informação é a base da realização da coleta seletiva; o que inclui a educação de TODOS os participantes. Em caso de condomínios, é imprescindível a participação dos porteiros, zeladores, pessoal da administração e empregadas domésticas. Da mesma forma, nas escolas precisam estar envolvidos alunos, professores e demais funcionários.
A conta do lixo
1) Quais são os maiores problemas que as grandes cidades têm hoje pela falta de reciclagem do lixo?
O baixo índice de coleta seletiva e da reciclagem resulta em excesso de lixo nos depósitos, e mesmo nas ruas. É que coleta seletiva e reciclagem são mais estimulantes para que a população evite jogar lixo no rio, na rua ou num terreno baldio do que simplesmente expor que é falta de educação, por exemplo. Quando isso acontece temos entupimento de bueiros e enchentes, focos de animais transmissores de doenças (ratos, baratas, moscas e mosquitos) além de poluição ambiental que atinge o solo, as águas subterrâneas e até o ar (especialmente quando o lixo é queimado e/ou depositado em lixões).
Na verdade considero o prejuízo econômico o mais relevante problema da falta de reciclagem, e olha que sou ambientalista! Mas é o que mais me chama atenção. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), a reciclagem pode economizar cerca de R$ 8 bilhões por ano. Hoje essa economia varia de R$ 1,3 a 3 bilhões anuais. O cálculo leva em consideração apenas aspectos econômicos e ambientais da geração, descarte e destinação de lixo. No fundo, o baixo índice de coleta seletiva e reciclagem refletem a falta de um gerenciamento integrado de resíduos sólidos que leve em consideração a gestão do lixo e não apenas recolher, transportar e guardar (como é hoje). Levando isso em consideração, a economia seria ainda maior, pois entrariam na conta os benefícios sociais de geração de emprego e renda, além de redução de danos à saúde da população.
No gerenciamento investe-se em educação, informação, redução de desperdício, reaproveitamento, reciclagem, compostagem, aterro sanitário, descontaminação / segurança de resíduos perigosos e tudo o que possa racionalizar nossa relação com os resíduos. Numa estimativa bem especulativa, a cifra iria fácil a mais de R$ 10 bilhões por ano, mas quanto vale a qualidade de vida da população brasileira? Acho que vale bem mais que isso. Cuidar do lixo dá dinheiro para o país.
2) Como fazer para reciclar materiais como o chamado e-lixo, pilhas, óleo de cozinha, sacolas plásticas e outros materiais que prejudicam o meio ambiente?
O lixo eletrônico é bem frustrante. Não há lei que obrigue os fabricantes a recebê-los de volta. Algumas empresas recolhem por iniciativa própria os de suas marcas e empresas especializadas na desmontagem e recuperação dos materiais recicláveis os recebem, mas elas são raras e de alcance limitado.
As sacolas não são as vilãs do meio ambiente como se diz por aí. Sabendo usar e substituindo por retornáveis é possível reduzir o consumo e reutilizar na lixeira e em outras situações, na medida certa.
3) Quais são as principais conseqüências para o meio ambiente ao se jogar estes materiais no lixo comum? Quanto tempo estes materiais levam para se decompor?
Lixo eletrônico
4) A curto prazo, quais os efeitos que a falta de reciclagem surtirá no planeta?
De imediato, o aquecimento global já cai na conta do lixo. Mais pela sua parcela orgânica, é claro, cuja decomposição gera o gás metano (CH4) que é 21 vezes mais estufa do que o gás carbônico (CO2). Em seguida vem a contribuição para a escassez de água potável, já que o modelo atual polui demais as águas superficiais e subterrâneas. A falta de espaço próximo às grandes cidades é um risco, pois o alto custo de construir aterros sanitários, que precisarão ser cada vez mais distantes, pode resultar em depósitos inadequados, implantados por cidades em que o licenciamento ambiental correto é substituído por “licenças relâmpago” de idoneidade duvidosa. Tudo em prol da ‘economia’ de recursos públicos. Assim mais contaminação ambiental pode ocorrer. A pressão sobre os recursos naturais, especialmente os não renováveis (metais, vidro, plástico) também pode aumentar muito resultando em escassez e alta no seu preço, além do aumento do impacto ambiental para explorar fontes destas matérias-primas que são de difícil acesso.
Veja o caso da exploração submarina de petróleo e a tragédia que se abateu sobre o Golfo do México. A parcela de petróleo usada para fabricar plásticos ainda é pequena, mas tende a continuar aumentando. De qualquer forma, somos dependentes de recursos naturais que são desperdiçados com embalagens descartáveis de necessidade muito duvidosa.
5) O meio ambiente pode ser recuperado?
Quase tudo. A recuperação é bem polêmica, pois não há consenso em algumas ‘recuperações’ que soam mais a engodo. Transformar lixão em aterro controlado é um dos engodos. Melhora, mas é uma melhora bem limitada. Há vários níveis de controle e lixões geralmente estão tão mal localizados que os impactos na vizinhança são difíceis de serem eliminados pra recuperar a qualidade de vida de quem vive nas redondezas. Além do mais é sempre mais caro, difícil e lento recuperar do que prevenir.
6) Quais são as alternativas para se reciclar pilhas, óleo de cozinha, e-lixo, sacolas plásticas e outros materiais?
Para fazer a coleta seletiva recomendo ler a seção de mesmo nome na página da Recicloteca. Separar para a coleta seletiva é facílimo, basta uma segunda lixeira para o material reciclável que deve estar limpo e seco. O critério de separação lixo úmido/seco resolve a maioria das dúvidas quanto ao que é e o que não é reciclável. Assim fica mais fácil e atraente separar o material.
Lixão ou aterro sanitário
Lixo ou Resíduo Sólido – Qualquer material resultante de atividades humanas descartado ou rejeitado por ser considerado inútil ou sem valor. Pode estar em estado sólido ou semi-sólido e ser classificado de acordo com a sua composição química (orgânico ou inorgânico), sua fonte geradora (residencial, comercial, industrial, agrícola, de serviço de saúde etc.) e seus riscos potenciais ao ambiente (perigosos, inertes e não inertes). (Meio Ambiente no Século 21).
Lixão – Forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, em que o lixo é depositado diretamente no solo, sem qualquer técnica ou medida de controle, com sérios impactos ao ambiente e à saúde humana. Dentre os impactos causados estão a proliferação de vetores de doenças (mosca, mosquitos, ratos etc.), a geração de odores desagradáveis e a contaminação do solo e das águas pelo chorume. Os riscos de contaminação são agravados pelo desconhecimento da origem do material descartado, podendo estar presentes resíduos perigosos. (Meio Ambiente no Século 21).
Aterro controlado – Para tentar amenizar os depósitos a céu aberto foi criada a categoria de aterro controlado. Na realidade a nomenclatura mais adequada seria “lixão controlado”. Neste sistema, há uma contenção do lixo que, depois de lançado no depósito, é coberto por uma camada de terra. Esta forma de disposição minimiza o mau cheiro e o impacto visual, porém, não dispõe de impermeabilização de base (contaminando o solo e o lençol d’água) nem de sistema de tratamento do chorume ou do biogás.
Aterro sanitário – Forma de disposição final de resíduos sólidos que oferece um conjunto de normas operacionais e critérios técnicos de modo a evitar riscos à saúde pública e ao ambiente. Os resíduos são depositados em terrenos impermeabilizados e a seguir compactados e recobertos por camadas de terra. Deve haver dispositivos para drenagem superficial de água, captação e tratamento de chorume (liquido de alto potencial poluidor proveniente da decomposição da matéria orgânica presente no lixo) e captação e tratamento de gases provenientes da decomposição do lixo (principalmente metano e dióxido de carbono). Um aterro sanitário deve contar com monitoramento ambiental e geotécnico permanente, além de um plano de encerramento de suas atividades. (Meio Ambiente no Século 21).
A política nacional
O Projeto de Lei 203/91, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, está tramitando no Congresso Nacional desde outubro de 1989, quando foi lida pela primeira vez em Plenário. Apenas ontem à noite, dia 07 de julho, ela foi aprovada no Senado Federal.
Para que a lei entre em vigor, o Presidente da República terá 15 dias úteis, a partir da data do recebimento, para sancioná-la. Vamos acompanhar este processo.
A situação atual
Hoje, não existe uma regra comum sobre o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos. Contamos apenas com as Resoluções Conama, que estabelecem diretrizes para a destinação de alguns materiais como pneumáticos e pilhas e baterias. No entanto, estas Resoluções não possuem força de lei.
Apesar dos 21 anos de tramitação, esta proposta de lei é considerada moderna. Destacamos três pontos que consideramos importantes:
- Empresas, cidadãos e governo, isto é, todos terão responsabilidade compartilhada no tratamento do lixo.
- A presença do conceito da logística reversa, em que os fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores terão obrigações sobre o recolhimento das embalagens descartadas.
- Haverá também estímulo às atividades das cooperativas de catadores e indústrias da reciclagem através de incentivos fiscais.
A lei é extensa e possui muitos pontos relevantes para regulamentação deste problema social e ambiental provocado pela quantidade monumental de resíduos descartados hoje, associado ao gerenciamento inadequado do mesmo.
Destinação de pilhas e baterias
Será que já paramos para pensar para onde as pilhas vão? Os impactos que podem causar no ambiente ao serem descartadas indevidamente? Para onde, de fato, elas deveriam ir ao fim do seu ciclo de vida?
De forma geral, no NOSSO país (não em outros países como podemos ver na imagem acima), elas são descartadas junto com o lixo comum em lixões, aterros controlados e aterros sanitários, sem passar por nenhum tipo de tratamento prévio. E só quando são separadas previamente e destinadas a um aterro sanitário é que receberão o tratamento como resíduo industrial.
É com o intuito de regulamentar a comercialização, controlar os danos causados à saúde e gerenciar sua destinação final, não apenas de pilhas como também de baterias, que o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) promulgou a Resolução 401/08. Precedida pelas Resoluções 257/99 e 263/99, a 401/08 vem estabelecer os “limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio [metais pesados] para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado (…)”.
A Resolução considerou, dentre outras, as seguintes necessidades:
“- minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente pelo descarte inadequado de pilhas e baterias;
- disciplinar o gerenciamento ambiental de pilhas e baterias, em especial as que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final;
- reduzir, tanto quanto possível, a geração de resíduos, como parte de um sistema integrado de Produção Mais Limpa, estimulando o desenvolvimento de técnicas e processos limpos na produção de pilhas e baterias produzidas no Brasil ou importadas (…).”
Apesar de ter entrado em vigor em 2008, somente agora, no ano de 2010, é que se torna obrigatório o recebimento das pilhas e baterias contempladas nesta resolução pelos estabelecimentos comerciais e assistência técnica autorizada. Infelizmente, nem todas as pilhas que utilizamos no nosso dia-a-dia são consideradas por esta regulamentação, nem por isso elas deixam de fazer mal ao meio ambiente e a nossa saúde.
O que existe hoje para as pilhas domésticas é uma iniciativa isolada de uma instituição financeira, que as recebe em todo o Brasil e destina a uma indústria recicladora de materiais químicos.
Isso não significa que não temos responsabilidades neste processo. Muito pelo contrário, somos consumidores de pilhas, sejam elas recarregáveis ou não. Temos o poder de decisão sobre comprar ou não produtos movidos a elas, responsáveis sobre o tipo de descarte e suas conseqüências no ambiente. Cabe a nós cuidar melhor dele.
(Recicloteca)
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