FILOSOFIA - FÉ E A RAZÃO - RELIGIÃO

A fé é o ato de assentir algo que não é evidente, que não está explícito. Destarte, é racionalmente aceita se fundamentada com premissas coerentes. A fé proporciona a razão a obter com maior agilidade e credibilidade o seu objetivo, a verdade. Por mais que a razão se esforce para provar determinadas proposições, somente a fé é capaz de lhe conceder a aceitação de que não pode obter tudo o que quer.
A razão orienta a ciência para a tentativa de descobertas de questões emergentes que se afloram ao longo do desenvolver da humanidade. A fé é para os que crêem uma luz que os ilumina em momentos difíceis, fazendo-os aceitar que muitas questões o homem não é capaz de solucionar.

Perguntas como: “Quem é o homem? De onde vem e para onde vai?” demonstram desde as mais remotas épocas um profundo anseio do conhecimento que o homem tem por si e por seu Criador. A fé e a razão devem, pois, ajudar o homem a encontrar o sentido necessário para sua existência e alcançar a verdade.
O papa inicia a encíclica afirmando: “A Fé e a Razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.” (João PauloII. Fidelis et Ratio. P.5) Constata-se que um pássaro ou um avião não levanta vôo somente com uma das asas. As duas asas são essenciais para o vôo acontecer. Da mesma forma, fé e razão são de suma importância para que o homem encontre a verdade e possa também encontrar a si mesmo.

É pelo uso correto da razão que os homens se descobrem e se realizam, encontram o sentido para existirem. Lembremo-nos da máxima do filósofo Sócrates “conhece-te a ti mesmo”. Esse conhecimento de sua própria pessoa levará o homem a ver-se distinto de outros seres, pois é um conhecimento inerente ao homem, único ser criado que possui a capacidade intelectiva. A razão lhe confere grande potencial de conduzir a si e aos outros. A procura pela verdade, que somente pode ser obtida com o auxilio da razão, faz do homem um ser que não se satisfaz facilmente e procura sempre mais abarcar os mais recônditos mistérios da verdade.
Segundo o grande expoente da Filosofia Escolástica, Santo Tomás de Aquino (1225-1274): “a razão é uma ajuda propícia para conhecer mais facilmente determinado objeto e com maior certeza aquelas verdades que, por si, estão agrupadas, e para tornar-lhe acessíveis àquelas verdades sobrenaturais que superam toda a sua capacidade.” (Batista Mondin. O Humanismo Filosófico de Tomás de Aquino. P.3)


Não deve haver oposição entre a razão e a fé. A razão é uma obra do criador inerente ao homem e a fé é um dom que o criador lhe concede. A razão e a fé possuem seus objetos de conhecimentos específicos. A razão realiza a ciência com descobertas, nutrindo o intelecto, e a fé nutre a vida espiritual do homem. A razão conduz o homem ao conhecimento das leis naturais do cosmos, e a fé o conduz para a transcendência do sobrenatural. A razão requer provas, a fé requer aceitação. O Cristianismo, desde há muitos séculos, busca as luzes da razão para ver melhor o mistério da fé. A razão não pode caminhar sem a fé, pois, onde a razão humana não consegue com toda sua capacidade abarcar determinado mistério, a fé se infiltra como uma luz a iluminar e a orientar o homem, fornecendo respostas não compreendidas racionalmente.

Não basta somente crer; urge também que se compreenda a fé. Não se utiliza a razão para acreditar numa verdade de forma cega e meramente inerte. É preciso demonstrar com a razão as verdades professadas pela fé. Para tal demonstração é preciso uma lógica, uma coerência com os princípios essenciais da razão.
O homem não pode perder o anseio de investigação do saber; precisa estar sempre construindo e se abrindo a novos meios para o alcance da sabedoria. Novos horizontes para a construção do conhecimento devem ser explorados, principalmente quando a intenção é o progresso e o bem estar da humanidade. O desejo de alcançar a verdade não pode ser menosprezado e, sim, deve receber apoio de todos que confiam no homem como um agente capaz de transformação. Mesmo quando a intenção é provar algo que transcende os limites do conhecimento, o homem deve ser incentivado a continuar investigando. É preciso que as pesquisas orientem o homem para a verdade última do sentido das coisas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que é óbvia a importância do conhecimento para o progresso da humanidade. Nota-se a grande valia do conhecimento para a compreensão da fé. É a razão que fornece ao homem a fundamentação para o bem acreditar e é o bem acreditar que faz com que o homem procure cada vez mais incansavelmente a verdade. Mesmo sendo fatigante a construção do conhecimento, o homem não pode parar, pois o anseio pela verdade é uma característica imprescindível da pessoa humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Mondin, Battista. O Humanismo filosófico de Tomás de Aquino. Tradução de Antônio Angonese. Bauru: EDUSC, 1998. 39 p. (Coleção Essência)
PAULO II, João. Fides et Ratio: Sobre as relações entre fé e razão. São Paulo: Paulus, 1998. 141 p.5.

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