Embora em meados do século XX, o meio ambiente e a ecologia passassem a ser uma preocupação em todo o mundo, foi no século XIX que um biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919) criou, formalmente, a disciplina que estuda a relação dos seres vivos com o meio ambiente ao propor, em 1866, o nome ecologia para esse ramo da biologia.
A disciplina, que é a junção das palavras gregas oikos (casa) e logos (estudo), ficou restrita aos meios acadêmicos até bem pouco tempo. Ela só veio ganhar dimensão social após um acidente de grande proporção, que derramou 123 mil toneladas de óleo no mar, na costa da Inglaterra em 1967, com o petroleiro Torrey Canion.
Em decorrência dessa popularização, muita coisa nova surgiu, quando a ecologia começou a priorizar o debate em torno da relação do homem com a natureza.
A "ECO 92"
A segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro (conhecida como Eco-92), teve como um de seus resultados a formulação de documentos muito importantes. Porém, muitos dos termos desses documentos ainda não foram colocados em prática. Isso por tratarem de questões que estabelecem mudanças no comportamento dos países em relação ao meio ambiente. Essas mudanças deveriam ser implementadas tanto pelos países ricos quanto pelos chamados "países em desenvolvimento". Algumas dessas questões são:
Biodiversidade
O conceito de biodiversidade nos anos 80, adquiriu destaque com a discussão sobre o risco de extinção de diversas espécies existentes. A biodiversidade, que determina a diversidade genética e de habitat entre os seres vivos (animais, vegetais e microorganismos), põe na ordem do dia a necessidade de se preservar o maior número possível das formas de vida em vias de extinção, se o homem quiser ter condições mínimas de sobrevivência.
Elaborado pelo World Resources Institute, Estratégia Global para Biodiversidade, dos EUA e pela União Mundial para a Natureza, da Suíça, traz 85 propostas para a preservação da diversidade biológica e um plano para a utilização sustentada dos recursos biológicos. Apesar de ter sido aprovado pelo Programa de Meio Ambiente da ONU e pelas Organizações Não-Governamentais (ONGs) que participaram do Fórum Global, quase nada vem sendo feito para reverter a situação. Em nações onde é grande a diversidade biológica, como a Federação Russa, a China e a Indonésia, continua acelerado o ritmo de destruições das espécies animais e vegetais. O documento Estratégia Global para Biodiversidade não foi, até hoje, aprovado pelo Congresso norte-americano.
Piratas biológicos
A saída de material genético de um país para outro, naturalmente de forma ilegal é chamada de "biopirataria". A biopirataria é praticada por indivíduos que exploram comercialmente a biodiversidade de um país, sem o pagamento da devida patente.
Proposta a esse respeito, num documento não aprovado pelos EUA, que obrigariam as empresas pesquisadoras de animais e vegetais em outros países, a pagar royalties de suas descobertas, ao país de origem.
Uma em cada quatro drogas americanas, segundo estimativa do Brasil, possui substâncias vindas de animais e plantas encontradas em países tropicais. Estes, por sua vez, são obrigados a pagar royalties no uso de produtos feitos a partir de suas próprias plantas e animais.
A "Agenda 21"
A Agenda 21, considerada como o resultado mais importante da "Eco-92", é o documento assinado por 179 países naquela ocasião, é um texto chave com as estratégias que devem ser adotadas para a sustentabilidade. Já adotada em diversas cidades por todo o mundo, inclusive através de parcerias e de intercâmbio de informações entre municipalidades, esse compromisso se desenrola no âmbito da cooperação e do compromisso de governos locais. Leva em conta, principalmente, as especificidades e as características particulares de cada localidade, de cada cidade, para planejar o que deve ser desenvolvimento sustentável em cada uma delas.
A energia e o meio ambiente
A crise energética parece ser a questão mais ampla das sociedades atuais, que têm conhecimento das mudanças que precisam ser feitas na geração de energia.
Algumas conclusões sobre o que se pode fazer, já foram consagradas, segundo ambientalistas, que têm estudado muito sobre o assunto. Podemos dizer que já existem, em alguns países, ações para implantá-las.
Algumas das ações:
Usar a energia de maneira mais eficiente - isso quer dizer, utilizar os mesmos serviços de iluminação, cozimento, mobilidade, industrialização que já temos, porém gastando uma menor quantidade de energia. Obter mais de cada quilowatt, incrementando melhoras na fabricação dos aparelhos eletrodomésticos, automóveis, prédios e processos industriais.
Usar mais o gás natural - por ser o combustível fóssil mais limpo - para gerar energia. A crítica é sempre a de que é uma alternativa cara. Quando o petróleo começou a ser amplamente adotado no mundo, também era uma alternativa cara. Não podemos esquecer que este é um recurso finito e que seu consumo quase que dobra a cada 20 anos.
Evitar a valorização de argumentos para a utilização e os investimentos em energia nuclear. A geração dessa energia custa o dobro das outras fontes existentes e a opinião pública mundial já sabe os riscos que podem advir dessa escolha.
Deixar de utilizar o carvão, uma fonte de energia do passado, o mais sujo dos combustíveis fósseis, o que mais polui e cuja extração, hoje mecanizada, é um investimento no desemprego, sem falar no desmatamento.
Utilizar mais a energia solar e a eólica (do vento). Tal uso está crescendo globalmente, pois é mais barato, não polui e gera empregos de alta tecnologia e exportação.
Implementar as pesquisas da utilização de células de combustível de hidrogênio, elemento que existe de sobra no universo (empresas automotivas e de energia já estão desenvolvendo esse uso para equipamentos eletrônicos portáteis e veículos a motor, por exemplo).
Dia do meio ambiente
O planeta corre perigo
Destruição da camada de ozônio
Composta de um gás rarefeito, a camada de ozônio impede, há milhões de anos, a passagem dos raios ultravioletas do sol. Com o poder de reduzir a capacidade de fotossíntese dos vegetais, esses raios prejudicam o sistema imunológico do homem e podem provocar câncer de pele e doenças nos olhos, como a catarata.
A emissão de poluentes no ar é responsável pela destruição dessa camada, sendo o cloro, presente em clorofluorcarbonetos (CFC) seu principal inimigo.
Os CFC são utilizados em sprays, em chips de computadores e principalmente em aparelhos domésticos, como geladeira e ar-condicionado.
Em 1974, dois químicos chamaram a atenção para a relação entre o CFC e a diminuição da camada de ozônio: o norte-americano Frank Rowland e o mexicano Mario Molina, ambos ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 1995.
Eis que aparece, em 1992, um novo vilão, para pertubar a camada de ozônio. Trata-se do brometo de metila, inseticida utilizado em plantações de tomate e morango e muito mais nocivo que o CFC, apesar de existir em menor quantidade.
Em todo o mundo, várias políticas ambientais têm sido implementadas, com a finalidade de reverter tal fato. Entre os anos de 1988 e 1995, o governo brasileiro reduziu em 31% o consumo de CFC e os resultados dessas políticas já são notados. A Organização Mundial de Meteorologia das Nações Unidas registrou uma diminuição dos gases nocivos na atmosfera, exceto o brometo de metila. O buraco da camada de ozônio, no entanto, continua aumentando e só deve estar recuperada na metade do século XXI. Mas isto se forem respeitadas todas a metas do Protocolo de Montreal, assinado em 1987 no Canadá, onde 24 países se comprometeram, entre outras coisas, a restringir à metade a produção de CFC até o presente ano.
A morte das florestas
Já chega a 46%, o desmatamento em grande escala, das matas primitivas da terra. somente 33.400.000, dos 62.200.000 Km2 de florestas originais, ainda cobrem a superfície do planeta.
Cerca de 170 mil Km2 de mata, simplesmente desaparecem todo ano, sendo que as queimadas de grandes áreas para o cultivo da agricultura e a pecuária, são a principal forma de desmatamento. A comercialização da madeira, a expansão dos centros urbanos, a construção de estradas e o extrativismo de interesse econômico são outros importantes motivos que levam à devastação.
O Brasil é o recordista em desmatamento, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), sendo derrubados anualmente na Amazônia, em torno de 15 mil Km2 de floresta.
A poluição
Diversas designações para um único problema, a poluição do ar, das águas, do solo, sonora, são a interferência negativa do homem no equilíbrio ambiental, quando exerce suas atividades quotidianas em casa, no trabalho, em todo o lugar, enfim. A emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em quantidade acima da capacidade humana de absorção é o que chamamos de poluição.
Poluição
Indústrias químicas e siderúrgicas lançando na atmosfera, óxidos sulfúricos, nitrogenados e enxofre, são exemplos de poluição do ar.
O esgoto que é jogado nos rios, lagos e áreas de mananciais, é responsável pela poluição das águas. Em menos de 30 anos, segundo a ONU, dois terços da humanidade podem vir a ficar sem água.
Poluição do solo: causada pelo acúmulo de lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal. Uma solução viável para esse tipo de poluição seria a prática da reciclagem do lixo.
Poluição sonora: barulho dos carros. Nas principais ruas da cidade de São Paulo, os níveis de ruído atingem de 88 a 104 decibéis. O máximo tolerável é 85 decibéis.
Mudança do clima - Convenção
Os países industrializados se comprometem, no Protocolo de Kyoto, assinado em 1992, a reduzir até o ano 2000, suas emissões de dióxido de carbono para os níveis encontrados no ano de 1990, a fim de não modificar ainda mais o já alterado clima do planeta. Em seu processo de revisão e atualização, essa convenção sofreu uma retificação, em 1997, em Kyoto, no Japão, e por isso ela ficou conhecida como Protocolo de Kyoto. Nessa ocasião, ficou decidido que os países que aderiram reduziriam suas emissões, combinadas de gases de efeito estufa, em pelo menos 5%, entre os anos de 2008 e 2012.
Este acordo foi aberto para assinaturas a partir de 1998, com adesão de cerca de 180 países, sendo que os EUA ainda não assinaram, mesmo sendo responsável por quase um quarto das emissões globais de dióxido de carbono na atmosfera.
As cidades mais poluídas
Atenas (Grécia), Bangcoc (Tailândia), Budapeste (Hungria), Buenos Aires (Argentina), Cairo (Egito), Calcutá (India), Cidade do México (México), Cracóvia (Polônia), Jacarta (Indonésia), Karachi (Paquistão), Londres (Reino Unido), Los Angeles (EUA), Manila (Filipinas), Moscou (Federação Russa), Mumbai (India), Nova Délhi (India), Nova York (EUA), Pequim (China), Rio de Janeiro (Brasil), Santiago (Chile), São Paulo (Brasil), Seul (Coréia do Sul), Tóquio (Japão), Xangai (China).
IBGE - Meio ambiente
O IBGE possui, em sua estrutura, um departamento de recursos naturais e estudos ambientais. Sua finalidade é produzir informações básicas sobre todo o território nacional.
No tópico recursos naturais, promove mapeamentos, estudos e pesquisas de temas relativos ao meio físico e ao meio biótico, detendo-se na ocorrência, distribuição, potencial, disponibilidade, forma e graus de utilização. Fazem parte do meio físico as rochas, o relevo, os solos, os recursos hídricos e o clima. Os componentes do meio biótico são os vegetais e animais.
Em estudos ambientais, promove a caracterização e avaliação de temas de interesse para a análise das condições ambientais e dos impactos gerados pela ação do homem, que comprometem o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população.
O acervo de informações disponível no IBGE é vasto. Os produtos são encontrados em forma de mapas, publicações ou CD-ROM. Listamos abaixo alguns deles:
Espécies Endêmicas da Flora Brasileira
Espécies Vegetais de Importância Econômica
Fauna Ictiológica Brasileira
Fauna de Vertebrados da Amazônia Legal
Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal
Mapas do Brasil na escala 1:5.000.000: Vegetação, Unidades de Relevo, Fauna ameaçada de Extermínio e Unidades de Conservação Federais
Mapas da Amazônia Legal na escala 1:2.500.000: Geologia, Solos e Vegetação
IPV - Índice do Planeta Vivo
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) elabora relatórios contendo o Índice do Planeta Vivo (IPV), ano a ano. O IPV é um raio-x dos recursos naturais do planeta, através da coleta de dados de 151 países sobre ecossistemas, espécies, poluição e consumo. Vamos acompanhar os resultados do IPV de 1999?
De 1970 até 1996, os ecossistemas aquáticos sofreram uma queda de qualidade impressionante, numa velocidade de destruição que compromete a qualidade da água e a vida dos peixes.
Em relação à vida vegetal, o Brasil ocupa a 6a posição no ranking dos países que possuem mais espécies ameaçadas, entre os 151 países estudados. O país mais ameaçado são os Estados Unidos. Depois vêm: Austrália, África do Sul, Turquia e México.
O Brasil, sozinho, detém 10% de toda a biodiversidade mundial. É também o país com maior número de espécies de plantas conhecidas: 55 mil.
Nosso país está em 3o lugar entre os países com maior cobertura florestal, mesmo já tendo perdido dois quintos de suas florestas. Em primeiro lugar, ficou a Federação Russa. O segundo país com maior extensão de florestas é o Canadá.
O planeta já perdeu metade de sua extensão florestal original, principalmente nos últimos 100 anos. Calcula-se que todo ano seja desmatada, na Terra, uma área equivalente ao estado do Acre.
O Brasil é o segundo país mais desmatado. O primeiro lugar fica com a China.
A biodiversidade dos ecossistemas de água doce diminuiu 45% de 1970 até 1996. Já o ecossistema marinho perdeu 35% de sua biodiversidade nestes mesmos 26 anos.
O consumo de fertilizantes aumentou de 12 para 80 milhões de toneladas por ano no intervalo de 26 contemplado pela pesquisa. O Brasil está em 75o lugar entre os 151 países que mais consomem fertilizantes.
A responsabilidade é de todos nós
Se há assunto que consegue igualar todas as pessoas nesse planeta é a questão ambiental: o que acontece de um lado, para bem ou para mal, vai sempre afetar o outro!
Nessa data, chefes de estado, secretários e ministros do meio ambiente, fazem declarações e se comprometem a tomar conta da Terra. As mais sérias promessas têm sido feitas, que vão do be-a-bá ao estabelecimento de estruturas governamentais permanentes para lidar com gerenciamento ambiental e planejamento econômico, visando conseguir a vida sustentável no planeta.
Podemos, cada um de nós, já fazer a nossa parte para a preservação das condições mínimas de vida na Terra, hoje e no futuro, ou seja, investir mais naquilo que temos de valioso, que é a nossa inteligência, para aprender a consumir menos o que precisamos economizar: os recursos naturais.
Lembaremos que o Brasil é um dos nove países-chave para a sustentabilidade do planeta e já é considerado uma superpotência ambiental!
Fonte: IBGE (adaptado)
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