Fernando de Bulhões - nome de batismo de Santo Antônio (Lisboa-Portugal,15/08/1195 -Santo Antônio de Pádua, 13/07/1231). Aos 15 anos entrou para um convento agostiniano, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, onde provavelmente se ordenou. Em 1220 trocou o nome para Antônio e ingressou na Ordem Franciscana, na esperança de pregar aos sarracenos no Marrocos, tendo os mártires como exemplo.
Após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália. Indicado professor de teologia pelo próprio São Francisco de Assis, lecionou nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier, Puy-en-Velay e Pádua, adquirindo grande renome como orador sacro no sul da França e na Itália.
Os Sermões de Santo Antônio
Ficaram célebres os sermões que proferiu em Forli, Provença, Languedoc e Paris. Em todos esses lugares suas prédicas encontravam forte eco popular, pois lhe eram atribuídos feitos prodigiosos, o que contribuía para o crescimento de sua fama de santidade.
Santo Antônio
Muitos escritos são atribuídos a Santo Antônio, na sua maioria apócrifos. Segundo os estudiosos, os Sermões Dominicais e Festivos são a única obra autêntica escrita pelo punho de Frei António, com a marca da sua personalidade e espiritualidade.
São 53 sermões dominicais, escritos em Pádua, no decurso do triénio pastoral como provincial para o Norte da Itália (Romanha) (1227 – 1230). A estes somam-se mais 4 para as festividades marianas.
Os Sermões são mais precisamente um manual de pregação do que propriamente sermões ou homilias escritas. Existe um Sermão para cada domingo ou festividade, cujo desenvolvimento é feito com base no texto do evangelho da liturgia a que se refere, sendo o texto normalmente explicado segundo os quatro sentidos da interpretação escolástica: o sentido literal, o anagógico (em relação à vida eterna), o alegórico e o moral.
Problemas de saúde
Com a saúde sempre debilitada, recolheu-se no convento de Arcella, perto de Pádua, onde escreveu uma série de sermões para domingos e dias santificados, alguns dos quais seriam reunidos e publicados entre 1895 e 1913.
Dentro da Ordem Franciscana, Antônio liderou um grupo que se insurgiu contra os abrandamentos introduzidos na regra pelo superior Elias.
Após uma crise de hidropisia (Acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo). Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231.
Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido, ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente em Portugal e no Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiro, é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.
Santo Casamenteiro
Santo António é vulgarmente considerado como um santo casamenteiro, pois, segundo a lenda, era um excelente conciliador de casais.
É particularmente venerado na Cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal. Contudo, as festas em honra de Santo António começam logo no dia 12 com a realização dos Casamentos de Santo António, evento inserido nas Festas da Cidade.
Este acontecimento, de grande relevo para Lisboa, comemorou no ano passado o seu Cinquentenário; foi em 1958 que 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. O objectivo da iniciativa, então patrocinada pelo Diário Popular, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras.
Após diversos anos de interrupção, a tradição foi retomada em 1997, agora sob a égide da Câmara Municipal de Lisboa, passando a admitir-se, também, casamentos civis.
Os Casamentos de Santo António constituem uma marca incontornável na tradição popular de Lisboa, contribuindo, em cada ano, para firmar a identidade cultural da Cidade.
Simpatias a Santo Antônio
O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:
"Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando".
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:
Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo.
=> Para arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.
=> No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.
=> Em Lisboa, é tradicional a cerimónia de casamento múltiplo do dia de Santo António, em que chegam a casar-se 200 a 300 casais ao mesmo tempo.
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