PERÍODOS DA LITERATURA - RENASCIMENTO

Renascimento
Movimento histórico ocorrido ­inicialmente na Itália e difundido pela Europa entre os séculos XV e XVI. Foi caracterizado pela crítica aos valores medievais e pela revalorização dos valores da Antigüidade Clássica ( greco-romana ).

Foi na cidade de Florença que os textos clássicos passaram a ser estudados e as idéias renascentistas difundiram-se para outras cidades italianas e , posteriormente, para outras regiões da Europa.
Itália no século XV

O berço do Renascimento foi a Itália em virtude de uma série de fatores:

-Intenso desenvolvimento comercial das cidades italianas que exerciam o monopólio sobre o comércio no mar Mediterrâneo;

-Desenvolvimento e ascensão de uma nova classe social -a burguesia comercial - que passava a difundir novos hábitos de consumo;

-O urbanismo e a disseminação do luxo e da opulência; -Influência da cultura grega, através do contato comercial das cidades italianas com o Oriente, especialmente Constantinopla;

-O Mecenato, prática exercida pelos burgueses, príncipes e papas, de financiar os artistas, procurando mostrar o poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal;

-A vinda de sábios bizantinos para a Itália após a conquista de Constantinopla pelos turcos Otomanos; -A presença, em solo italiano, da antigüidade clássica.

Aspectos da Renascença

Os homens que viviam sob a Renascença criticavam a cultura medieval, excessivamente teocêntrica, e defendiam uma nova ordem de valores.

Os principais aspectos do Renascimento foram:

a) o racionalismo e o abandono do mundo sobrenatural;
b) o antropocentrismo, onde o homem é o centro de tudo;
c) o universalismo, caracterizado pela descoberta do mundo;
d) o naturalismo, acentuando o papel da natureza;
e) o individualismo, valorizando o talento e o trabalho;
f) o humanismo.

O Humanismo

Humanista era um sábio que criticava os valores medievais e defendia uma nova ordem de idéias. Valorizava o progresso e buscava revolucionar o mundo através da educação.

Foi o grande responsável pela divulgação dos valores renascentista pela Europa.

Outro elemento responsável pela expansão das novas idéias foi a imprensa de tipos móveis, inventada pelo alemão Johan Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros.

No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os fundamentos da ciência moderna.


Artes Plásticas

As obras renascentistas são caracterizadas pelo naturalismo e retratam o dinamismo comercial do período. Os estilos desenvolvidos levaram a uma divisão da Renascença em três períodos: o Trecento (século XIV) , o Quattrocento ( século XV ) e o Cinquecento ( século XVI).

TRECENTO - destaque para a pintura de Giotto ( 1276/1336 ) que muito influenciou os demais pintores;

QUATROCENTO - período de atuação dos Médicis, que financiaram os artistas. Lourenço de Médici foi o grande mecenas da época.

Destaques para Botticelli ( 1444/1510 ) e Leonardo da Vinci (1452/1519).

CINQUECENTO - O grande mecenas do período foi o papa Júlio II que pretendia reforçar a grandiosidade e o poder de Roma. Iniciou as obras da nova basílica de São Pedro. O autor do projeto foi Bramante e a decoração à cargo de Rafael Sânzio e Michelângelo.


Michelângelo ( 1475/1564 ) apesar de destacar-se como o pintor da capela Sistina foi o grande escultor da Renascença.

Literatura

Graças à imprensa, os livros ficaram mais acessíveis, facilitando a divulgação de novas idéias.

PRECURSORES

Três grandes autores do século XIV:

Dante Alighieri (1265/1321),autor de A Divina Comédia, uma crítica à concepção religiosa; Francesco Petrarca, com a obra África e Giovanni Boccaccio que escreveu Decameron.

PRINCIPAIS NOMES

ITÁLIA

Maquiavel, fundador da ciência política com sua obra O Príncipe, cuja tese central considera que os fins justificam os meios. Contribuiu para o fortalecimento do poder real e lançou os fundamentos do Estado Moderno.
Campanella, que relatou a miséria italiana no livro A Cidade do Sol.

FRANÇA

Rabelais, que escreveu Gargântua e Pantagruel;
Montaigne, que foi o autor de Ensaios.

HOLANDA

Erasmo de Roterdan, considerado o "príncipe dos humanistas" que satirizou e criticou a sociedade da época. Sua obra-prima é O Elogio da Loucura ( 1569 ).

INGLATERRA

Thomas Morus, que escreveu Utopia e
Shakespeare, autor de magníficos textos teatrais.

ESPANHA

Miguel de Cervantes, com o clássico Dom Quixote de la Mancha.

PORTUGAL

Camões, que exaltou as viagens portuguesas na sua obra Os Lusíadas.

Ciência Moderna

O racionalismo contribuiu para a valorização da matemática, da experimentação e da observação sistemática da natureza. Tais procedimentos inauguraram a ciência moderna.

Principais nomes:

Nicolau Copérnico - demonstrou que o Sol era o centro do universo (heliocentrismo) em oposição ao geocentrismo ( a Terra como o centro).
Giordano Bruno -divulgou as idéias de Copérnico na Itália. Considerado herege foi queimado na fogueira em 1600.

Kepler - confirmou as teorias de Copérnico e elaborou uma série de enunciados referentes à mecânica celeste.

Galileu Galilei - inaugurador da ciência moderna e aprofundou as idéias de Copérnico, pressionado pela Igreja negou as suas idéias.

Crise do Renascimento

O Renascimento entra em decadência após a perda de prestígio econômico das cidades italianas, em decorrência das Grandes Navegações -que muda o eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico; e da Contra-Reforma Católica que limitou a liberdade de expressão.

A Reforma Religiosa

Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica afastou-se de seus ensinamentos, sendo por isto criticada e considerada a responsável pelos sofrimentos do período: guerras, fomes e epidemias seriam como castigos de Deus pelo afastamento da Igreja de seus princípios.

Precursores

John Wyclif ( 1300/1384) e João Huss ( 1369/1415 ).

Causas da Reforma

Além das questões religiosas, como o nicolaísmo e a simonia, outros elementos constribuíram para o sucesso da Reforma:

A exploração dos camponeses pela Igreja -a Senhora feudal. A vontade de terras para o cultivo leva esta classe a apoiar a Reforma;

Interesses da nobreza alemã nas terras eclesiásticas;

A condenação da usura pela Igreja feria os interesses da burguesia comercial;

O processo de centralização política, onde era interesses dos reis o enfraquecimento da autoridade papal;

A centralização desenvolve o nacionalismo, aumentando a crítica sobre o poder de Roma em outras regiões.

Por que Alemanha

Na Alemanha a Igreja Católica era muito rica e dominava amplas extensões territoriais, limitando a expansão econômica da burguesia, inibindo o poder político da nobreza e causando insatisfação camponesa.

Lutero e a Reforma

Monge agostiniano que rompeu com a Igreja Católica em virtude da venda de indulgências, efetuada pela Igreja para a construção da basílica de São Pedro pelo papa Leão X.

Lutero protestou através da exposição de suas 95 teses, condenando, entre outras coisas a venda das indulgências.

Suas principais idéias reformistas eram:

Justificação pela fé: a única coisa que salva o homem é a fé, o homem está diante de Deus sem intermediários;

A idéia de livre-exame, significa que todo homem poderia interpretar livrmente a Bíblia, segundo a sua própria consciência;

Sendo assim, a Igreja e o Papado perdem sua função.


As idéias de Lutero agradaram a nobreza alemã que passou a se apropriar das terras eclesiásticas. A revolta atingiu as massas camponesas -que queriam terras - e foi duramente criticada por Lutero.

Reforma Calvinista

Defesa da teoria da predestinação, onde o destino do homem é condicionado por Deus. Dizia haver sinais de que o indivíduo era predestinado por Deus para a salvação: o sucesso material e a vontade de enriquecimento, pois a pobreza era tida como um desfavorecimento divino.

A valorização do trabalho, implícita na teoria; bem como a defesa do empréstimo de dinheiro a juros contribuem para o desenvolvimento da burguesia e representam um estímulo para o acúmulo de capitais.

Reforma Anglicana

Henrique VIII é o reformador da Inglaterra, através do Ato de Supremacia, aprovado em 1513, que colocou a Igreja sob a autoridade real - nascimento da Igreja Anglicana.

A justificativa para o rompimento foi a negativa do papa Clemente VII em dissolver o casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão.

Além disto, havia um enorme interesse do Estado nas propriedades eclesiásticas, para facilitar a expansão da produção de lã.

A Contra-Reforma

Diante do sucesso e da difusão das idéias protestantes, a Igreja Católica inicia a sua reforma, conhecida como Contra-Reforma. As principais medidas - tomadas no Concílio de Trento - foram:

* Proibição da venda de indulgências;
* Criação de seminários para a formação do clero;
* O Index - censura de livros;
* Restabelecimento da Inquisição;
* Manutenção dos dogmas católicos;
* Proibida a livre interpretação da Bíblia;
* Reafirmação da infalibilidade papal.

Com a Contra-Reforma é fundada a ordem religiosa Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534, com o intuito de fortalecer a posição da Igreja Católica em países católicos e difundir o catolicismo na Ásia e Ámerica.

Fonte:mundovestibular.com.br

Grandes Nomes da Cultura Renascentista

Leonardo da Vinci

Artista e pensador italiano (Vinci, perto de Florença, 15-IV-1452 - Castelo de Cloux, perto de Amboise, França, 2-V-1519). Protótipo do ideal renascentista do ‘homem universal’ e um dos maiores gênios que a humanidade terá produzido, foi pintor, escultor, arquiteto, engenheiro e cientista.


Leonardo da Vinci


Filho ilegítimo, aos 15 anos iniciou sua aprendizagem artística com Verrochio, completado-a em 1472, embora permanecesse junto ao mestre até 1476. Seu primeiro trabalho datado, de 5 de agosto de 1473, é um desenho de paisagem, hoje na Galeria degli Uffizi, em Florença. Por esta época, além de se dedicar à pintura e à escultura (são duas, por exemplo, a cabeça do anjo e a paisagem do Batismo de Cristo, de Verrochio, também nos Uffizi), já dera início igualmente à sua carreira de inventor. De 1477 a 1482, quando se transferiu a Milão, manteve em Florença seu próprio estúdio, do qual saíram obras como Ginevra de’ Benci (National Galery, Washington, D.C.). A serviço de Ludovico Sforza, o artista permaneceria em Milão até 1499, trabalhando principalmente como engenheiro militar e civil, mas também executando pinturas como A Virgem das rochas (Museu do Louvre) e o célebre afresco da Última Ceia, no refeitório de Santa Maria delle Grazie (1495 a 1497). Dos numerosos projetos deixados inconclusos deve ser mencionada a estátua eqüestre de Francesco Sforza, obra monumental de que chegou a ser feito um modelo em argila, embora jamais fosse fundida em bronze.

Também os projetos de arquitetura concebidos em Milão não chegaram a se concretizar em edificações, deles restando apenas riscos e apontamentos, inclusive planos para várias igrejas. Como diretor dos festivais promovidos pela corte, coube-lhe, além do mais, organizar torneios, competições e representações, para muitos dos quais terá também desenhado cenários e trajes, como era costume na época.

Foi ainda em Milão que Leonardo deu início a seus estudos científicos sistemáticos, calcando toda a sua teoria na experiência pragmática. A anatomia, botânica, a matemática, a física e a mecânica interessavam-no de modo especial, lado a lado com a pintura, sobre o que escreveria, por esses anos, um importante tratado. Desde 1496 entrara em contato com o pintor e matemático Lucas Pacioli, resultando de tal colaboração e das longas discussões científicas entre ambos o tratado De divina proportione, de Pacioli, com ilustrações, e não poucas idéias, de Leonardo.

Com a invasão da Lombardia por Luís XII da França, e a conseqüente conquista de Milão (1499) e deposição dos Sforza, Leonardo retorna a Florença, após passar por Mântua e Veneza; nesta última cidade chegou a elaborar um programa de defesa contra os turcos. Em 1500 iniciou A Virgem, o Menino e Sant’Ana, uma de suas pinturas mais famosas, terminada apenas em 1507 (Museu do Louvre).

Em 1502, passa ao serviço de César Bórgia, como arquiteto e engenheiro-chefe, acompanhando-o na campanha da Romagna. Os mapas e planos militares que então elabora acerca de cidades e regiões como Pesaro, Rimini, Faenza e Forli constituem o fundamento de toda a moderna cartografia. Em 1503, novamente em Florença, começa a elaborar sua obra mais conhecida, o retrato da Mona Lisa, conhecido também como Gioconda. Outra composição iniciada no mesmo ano, Leda, é apenas conhecida através de cópias. Em fins de julho, em função de engenheiro militar, Leonardo assistirá ao cerco de Pisa, concebendo um plano de desviamento do rio Arno, de modo a cortar o acesso fluvial à cidade inimiga. Logo a seguir recebe uma encomenda para a feitura de um mural na sala nobre do Palazzo della Signoria, A Batalha de Anghiari, tema possivelmente fornecido por Niccolò Machiavelli. Nesse afresco iria trabalhar até 1506 (quando deixou Florença), sem todavia concluí-lo. Embora o cartão da parte central da composição seja conhecido em mais de uma cópia (inclusive a belíssima de Rubens), o mural propriamente dito arruinou-se, devido às experiências com secantes postas em prática pelo artista. Contudo, suas preocupações maiores iam em tal momento para as ciências: Leonardo realiza dissecações, escreve um tratado sobre o vôo dos pássaros e começa a organizar seus apontamentos com vistas à elaboração de um grande tratado sobre forças mecânicas da natureza.

Entre junho de 1506 e setembro de 1517, Leonardo novamente reside em Milão, com permanências ocasionais em Florença e em outras cidades. Conselheiro artístico do governador francês, Charles d’Amboise, traça para ele o projeto de novo palácio. Também projeta um túmulo, em forma de estátua eqüestre, para o príncipe Trivulzio. Um e outro projeto não serão desenvolvidos. Ao mesmo tempo, continuam as pesquisas no campo da geologia, da anatomia, da geofísica e da hidrologia. A atividade em Roma, entre 1513 e 1517, é pouco conhecida. Sob a proteção de Giuliano de Médici, Leonardo entrega-se aos estudos da anatomia, matemática e mecânica. Sua última pintura, o São João Batista (Museu do Louvre), data igualmente dessa fase romana.


Em maio de 1517, aceitando a hospitalidade de Francisco I da França, dirige-se para o castelo de Cloux, próximo a Amboise. É então o premier peintre, architecte et méchanicien da corte, executando provavelmente décors para o batismo do delfim e para o casamento de Lourenço o Magnífico, com uma neta do rei (1518). Um de seus últimos projetos é um plano de irrigação para Tours, Blois e Saône. em seu testamento (23-IV-1519) externa a vontade de ser sepultado na igreja de Saint-Florentin, em Amboise. Suas cinzas foram dispersas por ocasião dos distúrbios huguenotes.

Michelangelo

Escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano (Caprese, 6-III-1475 - Roma, 18-II-1564). Muito moço começou a estudar pintura com Domenico Ghirlandaio, em Florença. A partir de 1489 voltou-se para a escultura, que estudou com Bertoldo. Falecendo Lourenço o Magnífico, seu protetor, transladou-se para Veneza, onde trabalhou no sarcófago de são Domingos. Pouco depois regressou a Florença, ali realizando um de seus mais famosos trabalhos no campo da escultura - o David. Com essa obra adquiriu grande nomeada, e graças a ela foi chamado em seguida a decorar (juntamente com Leonardo da Vinci) a sala do Grande Conselho, em Florença. De tal incumbência não se desobrigou jamais, embora executasse diversos desenhos preparatórios para afrescos.

Em 1505, foi chamado a Roma para executar na abside de São Pedro , o túmulo de Júlio II, projeto que logo abandonou. Entre 1508 e 1512 pintou, no teto da capela Sistina, os gigantescos afrescos hoje tidos como sua obra-prima em pintura - e dos quais o mais notável é A Criação de Adão. Júlio II faleceu em 1513, e Michelangelo novamente trabalhou em seu túmulo. Concluídas as estátuas de Moisés, da Vida Ativa e da Vida contemplativa - a primeira é uma de suas criações mais altas - abandonou definitivamente esse trabalho.

Deixando Roma em 1527, para se instalar em Florença, logo depois foi chamado a decorar a parede da retaguarda da capela Sistina, vinte e quatro anos após a execução dos afrescos do teto. Pintou, então, O Juízo Final, cuja elaboração durou cinco anos, e que se alinha entre as obras-primas da arte universal. Em 1542, enceta a realização de dois afrescos na capela Paolina, no Vaticano, concluindo-os nove anos depois. Essa será a última obra de Michelangelo no campo da pintura, e no conjunto de suas criações ocupará lugar apenas discreto. A partir de 1550, Michelangelo - que aparentemente não tinha maiores predileções pela pintura, e sim pela arquitetura, e principalmente pela escultura - será somente escultor e arquiteto. Cultivará ainda a poesia, sendo autor de uma coletânea de Rimas.

Sobre a pintura de Michelangelo influíram a arte de Massacio e a de Luca Signorelli. Os afrescos executados pelo primeiro na capela Brancacci foram objeto de minuciosos estudos, de parte de autor do Juízo final. Mas à grandiosidade de Masaccio alia Michelangelo maior liberdade de gestos e atitudes, enquanto de seus personagens titânicos se irradia uma sensação de movimento virtualmente oposta à estática masacciana, graças à arrojada disposição espacial que lhes emprestou o artista, e que repercutiria intensamente sobre a arte dos séculos futuros.

Michelangelo foi, como seu grande rival, Leonardo da Vinci, um gênio criador e um talento universal, ocupando lugar de primeiríssimo plano entre os mais ilustres representantes da Renascença italiana. Espírito inquieto, temperamento irascível, num tempo que era costume identificar gênio e loucura. Michelangelo viveu intensamente o drama moral e religioso de sua época, tendo sido na mocidade adepto de Savonarola, e mais tarde do evangelismo anti-reformista do papa Paulo III.

Galileu
(GALILEO GALILEI)

Físico e astrônomo italiano (Pisa, 15-II-1564 - Arcetri, perto de Florença, 8-I-1642). Descendia de família nobre e seu pai, Vincenzio Galilei, era matemático competente e músico famoso. Iniciou sua educação no mosteiro de Vallombrosa, onde estudou Latim, grego e lógica. Desde cedo impressionou os mestres pela capacidade intelectual, habilidade manual e pela poderosa imaginação criadora, particularmente fértil para invenções mecânicas.

Em 1581 foi enviado para a universidade de Pisa para estudar medicina, curso que não concluiu. Depois de grande insistência e graças à intervenção de um amigo de seu pai, conseguiu permissão para estudar matemática e ciências. Voltou à universidade e doutorou-se em 1585. Durante algum tempo lecionou na Academia Florentina, em Florença, época em que publicou um artigo sobre a balança hidrostática, que havia inventado e que tornara seu nome conhecido em todos os círculos científicos. Em 1588 publicou um trabalho sobre a gravidade que lhe valeu o convite para lecionar na universidade de Pisa. Nos anos que se seguiram levou a efeito importantíssimas experiências referentes ao movimento físico, e, em particular, aos movimentos à superfície da Terra. Esses experimentos foram decisivos para permitir-lhe estabelecer os princípios da dinâmica, talvez sua maior contribuição ao pensamento humano. Uma dessas experiências tornou-se famosa e muito discutida: a que realizou atirando diversos objetos de pesos diferentes do alto da torre de Pisa. Para sua realização foram convidados os professores e estudantes da universidade, além de outras pessoas de cultura e autoridades. Os corpos caíram sempre juntos, ou seja, com a mesma aceleração, para espanto dos assistentes, presos aos preconceitos da física aristotélica. O resultado mais significativo dessa prova, que abalou os alicerces de toda uma falsa concepção dos fenômenos naturais, foi cabal demonstração de que as ciências da natureza são, por excelência, experimentais.

Em 1581, observando o movimento oscilatório de um lustre que pendia no interior da catedral de Pisa, ao mesmo tempo que contava suas próprias pulsações, Galileu verificou que o movimento do pêndulo era periódico e que as pequenas oscilações eram isócronas, isto é, ocorriam em tempos iguais, mesmo quando amortecidas. Isto permitiu-lhe oferecer uma boa solução para o importante problema da medida do tempo. Verificou também que o período de um pêndulo era independente da natureza e da massa da substância, um dos pontos de partida para os seus estudos dinâmicos.

O aproveitamento de lentes de vidro para aumentar o tamanho das imagens levou o cientista a aperfeiçoar esse invento que, em suas mãos, logo se transformou em um telescópio capaz de produzir 32 aumentos. Conseguiu, assim realizar numerosas observações astronômicas e fez grandes descobertas que foram reunidas no livro Sidereus nuntius (1610; O Mensageiro celeste). Descobriu as montanhas da Lua, os satélites de Júpiter, as manchas solares, as fases de Vênus, os anéis de Saturno, além de numerosos fatos que serviram para mostrar o acerto de idéias de Copérnico, tão combatidas na época. Galileu foi, desde a mocidade, um entusiástico defensor do sistema heliocêntrico, o que lhe valeria muitos dissabores. Em 1611 exibiu seu telescópio em Roma a eminentes personagens, recebendo calorosa acolhida. Incentivado pela receptividade de suas descobertas publicou Istoria i dimostrazione intorno alle macchie (1613; História e demonstração em torno das manchas solares), onde defende ostensivamente as idéias de Copérnico.

As brilhantes pesquisas de Galileu, sua exuberante argumentação, o fervor que devotava às suas idéias despertaram a atenção das autoridades para as discrepâncias entre a concepção do universo defendido pelo sábio e algumas passagens das Escrituras. Outro perigo maior apresentavam seus escritos: ele escrevia para todos, de maneira rigorosa porém simples e na própria língua falada pelo povo, o que tornara bastante popular. Foi por isso processado e condenado pelos tribunais da Inquisição, tendo vivido até o fim de seus dias recolhido a um castelo de sua propriedade.

Deve-se a Galileu o mérito de haver fundado a ciência do movimento e estabelecido os fundamentos da dinâmica. Seus estudos sobre a queda dos corpos foram reunidos nos Discorsi e dimostrazioni intorno a due nuove scienze (1638; Discursos e demonstrações em torno de duas novas ciências). Nessa obra dá novo impulso à ciência do som, mostrando que a altura de um som deriva da freqüência de vibração da fonte e estuda as características das cordas vibrantes. Estudou também fenômenos de ressonância e ondas estacionárias, preparando o terreno para as descobertas de Mersenne.

Foi Galileu o primeiro a afirmar que nas proximidades da Terra os corpos eram submetidos a uma aceleração constante, vertical e dirigida para baixo, estabelecendo as leis da queda. No seu célebre livro Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (1632; Diálogo sobre os dois sistemas principais do mundo) inclui numerosa e sólida argumentação para refutar as razões dinâmicas alegadas contra a possibilidade de movimento da Terra.

Galileu foi o mais fecundo investigador de seu tempo. Além do grande mérito de defender as idéias de Copérnico, teve a seu favor a demonstração de que as leis do movimento dos planetas deveriam ser relacionadas não a um sistema ligado à Terra, mas, a um sistema de referência ligado ao Sol. Nos seus trabalhos emprega, embora de maneira intuitiva, os princípios da conservação das quantidades de movimento e da conservação da energia que constituem as bases da mecânica moderna. Suas obras completas foram publicadas em Florença, constando 20 volumes que incluem cartas e outros documentos. Até hoje seu nome de cientista e o rumor trágico de sua luta com Roma prendem a imaginação dos homens. Uma das mais famosas peças de Bertolt Brecht tem Galileu como principal personagem.

Erasmo de Rotterdam

Humanista holandês (Rotterdam, provavelmente em 28-X-1469 - Basiléia, 12-VII-1536). Foi ordenado sacerdote em 492, mas logo abandonou o hábito. Aprofundou seus estudos clássicos em Paris, e viajou pela Inglaterra, onde encontrou Thomas More, cuja amizade conservou. Residiu depois na Itália. Jamais se contentou com a boa formação obtida na mocidade e passou a vida inteira estudando e ensinando. Aperfeiçoou, sobretudo, o conhecimento do latim e dos escritores da Antigüidade, adquirindo ampla erudição de humanista e filólogo. Foi dispensado dos votos monásticos pelo papo Júlio II. Em 1521, fixou em Basiléia. Em 1516, publicou uma edição grega do Novo Testamento, acompanhada de uma versão latina. Escreveu o Elogio da Loucura (1509), obra que teve êxito extraordinário, por seu caráter satírico sobre a necessidade da reforma da Igreja. Quando se fixou em Basiléia, mundialmente famoso, manteve intensa correspondência com os grandes da época.

Erasmo de Rotterdam

Sempre se manifestando interessado pelos problemas religiosos, inclinava-se por uma reforma dos costumes, mas não da fé. Criticou os abusos dos eclesiásticos. Apesar disso, a violência de Lutero colocou-o de sobreaviso, e negou-se a colaborar com os reformadores, criticando seus excessos e algumas de suas doutrinas, no livro De libero arbitrio. Sua virtude dominante era a moderação, o que levou a ser atacado igualmente por católicos e protestantes. Ficou eqüidistante das duas facções em luta mas sua posição foi interpretada como indecisão. O progresso da Reforma em Basiléia tornou-lhe a vida insuportável, obrigando-o a transferir-se provisoriamente para Friburgo. Humanista antes de tudo, exerceu e seu tempo influência profunda, inclusive literária, abrindo a Europa à erudição clássica, à propagação das línguas antigas. Por volta de 1520, todos os meios cultos europeus pareciam erasmianos, sobretudo a Espanha, antes de a Inquisição intervir contra suas teses.

William Shakespeare

Dramaturgo e poeta inglês (Stratford-on-Avon, IV-1564 [batizado a 26, mas com aniversário tradicionalmente celebrado a 23, dia de são Jorge, padroeiro da Inglaterra] - id., 23-IV-1616). Considerado, pela maioria dos historiadores da literatura, como o maior escritor de todos os tempos, sua biografia, apoiada em parcos documentos, não merece grande crédito. Sabe-se que foi ator e co-proprietário do Globe Theatre, de Londres, e que cedo retirou para sua cidade natal, onde morreu. Publicou dois poemas narrativos em estilo renascentista, Venus and Adonis (1593) e Lucrece (1594), e, em 1609, os Sonnets, obra das mais importantes da língua inglesa. De suas peças dramáticas, cerca da metade foi publicada em vida do autor, em edições in-quarto, nem sempre autorizadas e divergentes da edição definitiva, que aparece pela primeira vez in-folio somente em 1623, publicada por dois amigos aos quais se deve a preservação da maior parte da obra shakespeariana.


Desde o séc. XVIII, a crítica textual das obras muito se desenvolveu, publicando-se enfim as grandes edições Variorum, com todas as variantes e emendas conjecturais, além de muitas edições críticas (Globe, Temple, Arden, New Shakespeare). Por não terem sido preservados os originais manuscritos, haverá sempre margem de discussão sobre o estabelecimento do seu texto definitivo.

Da mesma forma ainda não se pode estabelecer com segurança absoluta a cronologia das peças, embora as datas disponíveis sejam suficientes para organizar uma lista cronológica aproximadamente exata, dividida em quatro fases:

1. peças da mocidade (até c. 1595)
2. peças da primeira maturidade (até c. 1601)
3. fase trágica (até c. 1610)
4. última fase, que se estende até cerca de 1613

Entre as primeiras peças estão as históricas: Henry VI (em três partes), de autenticidade duvidosa, mas já com algumas cenas importantes; Richard III, do texto ainda rude, conquanto dos mais representados, por causa da grandeza demoníaca do herói; e Titus Andronicus, de enredo mais bizantino que romana e cujos horrores cruentos o público moderno mal suporta. The Comedy of errors (A Comédia dos erros), versão de uma comédia de Plauto, e The Taming of the shrew (A Megera domada) não passam de farsas, embora se adaptem bem ao palco moderno, o que já não acontece com The Two Gentlemen of Verona (Os dois cavalheiros de Verona). Enfim, Love’s labour’s lost (Trabalho de amor perdido) é uma comédia encantadora, bem ao gosto da Renascença italiana.

William Shakespeare

No pórtico da segunda fase está Romeo and Juliet, tragédia de amor e uma das peças mais populares de Shakespeare, embora não uma das obras-primas definitivas, pois ainda tem muito de gosto juvenil. Assim também o Midsummer night’s dream (Sonho de uma noite de verão), cheio de poesia, com o engrassadíssimo intermezzo humorístico dos atores-amadores no final. Já The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza) é uma comédia de conteúdo mais sério, com o personagem trágico do judeu Shylock no centro da ação. As peças históricas desta fase revelam ascensão ininterrupta. No desigual King John só interessam a figura patética do infeliz príncipe Arthur e os discursos patrióticos de Faulconbridge. Mas Richard II é a grande tragédia da legitimidade dinástica. Em Henry IV (em duas partes) estão perfeitamente equilibradas as cenas políticas, com o rei tragicamente arrependido e temperamental Hotspur colocado no centro, além das cenas de humor, dominadas pelo alegre príncipe Henry e, sobretudo, por Falstaff, a maior criação humorística de Shakespeare. Sua continuação, Henry V, é muito apreciada na Inglaterra como peça patriótica.

O personagem de Falstaff volta na exuberante farsa The Merry wives of Windsor (As Alegres comadres de Windsor). A bucólica As you like it (Como quiserdes) com a personagem encantadora de Rosalind, e Twelfth night (Noite de Reis), elogio da boa e vida e escárnio do puritano Malvolio, já são, porém, comédias perfeitas, ao passo que Much ado about nothing (Muito barulho por nada), com enredo sério e cenas cômicas organicamente mal ligadas pelos diálogos de Benedick e Beatrice, carece de força dramática. Dessa fase é também Julius Cesar, uma das obras mais conhecidas de Shakespeare, apesar da construção falha, em parte neutralizada pelos grandes personagens de Bruto e Pórcia, bem como pelo discurso fúnebre de Marco Antônio, de efeito irresistível.

A grande fase trágica de Shakespeare, iniciada com alguns textos problemáticos de pouco agrado do público e da crítica, encerra sua peça mais representada e estudada, Hamlet, a tragédia do intelectual que não sabe agir. Também não pertence ainda à categoria das obras definitivas, mas talvez por não ser inteiramente realizada desperte maior interesse do que nenhuma outra. Deste período, é All’s well that ends well (Tudo é bom se acaba bem), comédia de sabor amargo. Troilus and Cressida transfigura satiricamente as lendas homéricas de heroísmo e amor, enquanto Measure for measure (Medida por medida) é uma tragédia severa, com problemas de sexo, de morte e do papel moralista na administração pública, transformada em comédia por um artificial happy ending. Essa obra, outrora tida como insatisfatória e imoral, passou depois a ser aceita pelo público e pela crítica.

Tortuosa e obscura é Timon of Athens, a tragédia do idealista desiludido que se torna misantropo. Os discursos do Timão, amaldiçoando o gênero humano, são dos maiores trechos retóricos de Shakespeare. Enfim, as três grandes tragédias, entre as quais não é possível estabelecer uma hierarquia qualitativa, são: Othello, a tragédia do ciúme, peça de construção perfeita, onde a psicologia do mouro ciumento e a da maldade diabólica de Iago, bem como a lógica dos acontecimentos - tradução de uma fatalidade inexorável - conduzem o espectador ao clima da tragédia grega; Macheth, a mais trágica de todas, uma espécie de Hamlet do crime, estudo de ambição feminina que acaba em histeria, enquanto a atmosfera nórdica, sinistra e noturna, exerce fascínio irresistível, acentuado pelas intervenções do sobrenatural; enfim, King Lear (O Rei Lear) é uma tragédia de dimensões cósmicas, onde os elementos desenfreados participam dos acontecimentos, determinando um desfecho apocalíptico. Entre as obras de Shakespeare, é a mais difícil representação e talvez a de mais alto vôo poético. A essa fase pertencem também as duas últimas peças tiradas da história romana: Antony and Cleopatra, tragédia do amor derradeiro no crepúsculo de um império, e Coriolanus, uma das maiores e mais controvertidas de suas peças.

Em Stratford-on-Avon, para onde se retirou, Shakespeare escreveu suas últimas peças. Uma delas, Henry VII, escrita em colaboração com Fletcher, não é das melhores. As outras são tidas por calmas, após a agitação da grande fase trágica. Em todas, porém, ainda há muita matéria para duvidar de um otimismo final do dramaturgo, como os elementos de um assustador conto de fadas e de uma maliciosa novela italiana, encontrados em Cymbeline, obra de alta poesia. No fundo de The Winter’s tale (História de inverno) reside uma tragédia de ciúmes, enquanto uma história de traição e usurpação se insinua em The Tempest (A Tempestade), nobre despedida de Shakespeare e talvez a mais poética de todas as suas obras.

A poesia de Shakespeare jamais se desliga da ação dramática. Seu teatro, porém, não é poético. O realismo insubordinável do dramaturgo, que nunca recua quando necessário ante a grosseria, basta para demonstrá-lo. Teatro e poesia nele se fundem. A linguagem de Shakespeare, rica e criadora, contém todos os elementos anglo-saxônicos e latinos da língua inglesa, que o poeta enriqueceu com uma maior número de citações, locuções e frases proverbiais do que qualquer outro autor. A mudança de seu estilo e mentalidade, ocorrida durante a transição da primeira para a segunda fase, explica-se pelo amadurecimento do poeta. Para explicar as mudanças seguintes, recorreu-se a interpretações biográficas, como, entre outras, a do pessimismo oriundo de infelizes experiências na vida, das aventuras eróticas, da conspiração fracassada de Essex, todas, porém, sem base documentada dos fatos.

É possível, de resto, analisar as obras de Shakespeare estilisticamente, mas não ideologicamente, pois seus versos e frases só exprimem idéias e sentimentos dos personagens, não se podendo atribuí-los ao dramaturgo, que nunca fala na primeira pessoa. Shakespeare é a soma dos seus milhares de personagens (myriad-minded), entre os quais há representantes dos mais diversos temperamentos e adeptos de todas as filosofias e crenças. Ele próprio, porém, se oculta atrás do palco, não tem filosofia alguma. Como nenhum outro dramaturgo, criou inúmeros tipos, e os fechou num universo a que nem Deus tem acesso. (nota do digitador: isto é impossível!).

Ao contrário do que se pensava antigamente, Shakespeare não foi esquecido após sua morte e na segunda metade do séc. XVII. Somente no séc. XVIII, entretanto, graças às edições de Rowe, Pope e Samuel Johnson, bem como à atuação do grande ator Garrick, foi sua grandeza integralmente reconhecida. Ao mesmo tempo, Shakespeare, até então desconhecido no continente, conquistou toda a Europa, contribuindo para o declínio da hegemonia do teatro clássico francês. A Alemanha, sobretudo, graças a Wieland, Herder, Goethe e Schlegel, tornou-se sua segunda pátria. A imitação do estilo shakesperiano pelos dramaturgos românticos alemães não deu, porém, resultados satisfatórios. Sua influência já não é hoje tão viva na literatura dramática, embora continue a ser o dramaturgo mais representado na Alemanha e Inglaterra e muito aceito na França e Itália. O teatro de algumas nações, como Dinamarca, a Hungria e a Tchescoslováquia, deve a Shakespeare sua renascença moderna. As hipóteses que atribuem a ‘verdadeira autoria’ de suas peças ao filósofo Bacon, bem como a este ou àquele aristocrata da época, são contraditórias e não possuem base histórica.

Fonte:escolavesper.com.br

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