nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
de tão tua que és.
Olhas-me de repente
de um distante impreciso.
Com um olhar ausente
Começas um sorriso.
Continuo a falar.
Continuas ouvindo.
O que estás a pensar,
já quase não sorrindo.
Até que neste ocioso
sumir da tarde fútil,
se esfolha silencioso
o teu sorriso inútil.
(Fernando Pessoa)
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