Nada sabemos da alma, senão da nossa
As dos outros são olhares, são gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança, no fundo. Fernando Pessoa
"Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rastro
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à natureza,
Porque a natureza de ontem não é natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
(Fernando Pessoa)
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!" Fernando Pessoa
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível
Com que não há verdadeiro entendimento.
(Fernando Pessoa)
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Fernando Pessoa
AH, a esta alma que não arde
Não envolve, porque ama
A esperança, ainda que vã
O esquecimento que vive
Entre o orvalho da tarde.
E o orvalho da manhã.
(Fernando Pessoa)
Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.
(Fernando Pessoa)
Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
(Fernando Pessoa)
"Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”. Fernando Pessoa
Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
(Fernando Pessoa)
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós própios.
(Fernando Pessoa)
Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
(Fernando Pessoa)
Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.
(Fernando Pessoa)
"Entre o luar e o arvoredo,
entre o desejo e não pensar.
Meu ser secreto vai ao medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
entre o que foi e o que a alma faz,
meu ser oculto já não chora
entre a hora e o que a brisa traz .
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.
(Fernando pessoa)
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