LITERATURA - GREGÓRIO DE MATOS - BIOGRAFIA - OBRAS

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Gregório de Matos nasceu aos 23 de dezembro de 1636 - alguns biógrafos podem apresentar a possibilidade de ter nascido em março de 1623 - numa família com o poder financeiro alto em comparação à época. Tecnicamente a nacionalidade de Gregório de Matos era portuguesa, já que o Brasil só se tornaria independente no século XIX - Todos que nasciam antes da independência eram luso-brasileiros.

Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.

Em 27 de janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.

Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II, rei de Portugal, nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da Sé, um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.

O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.

Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.

Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.

Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não tem seguimento.Embora seja condizente com o perfil satírico de Gregório

Não era exatamente agradável em todas suas relações pois,por exemplo,entregara um poema a uma mulher ,dando entender ser uma espécie de elogio,o título do poema era:"Dona Feia"

Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.

Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo e, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como ao ser crucificado".

Coube-lhe a alcunha (apelido) de "boca do inferno", dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Criticava também a "cidade da Bahia.

Obras de Gregório de Matos

Poemas

Beija-flor
Anjo bento
Senhora Dona Bahia
Descrevo que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia
Finge que defende a honra da cidade e aponto os vícios
Define sua cidade
A Nossa Senhora da Madre de Deus indo lá o poeta
Ao mesmo assunto e na mesma ocasião
Ao braço do mesmo Menino Jesus quando appareceo
A NSJC com actos de arrependido e suspiros de amor
Ao Sanctissimo Sacramento estando para comungar
A S. Francisco tomando o poeta o habito de terceyro
No dia em que fazia anos
impaciência do poeta
Buscando a cristo
Soneto - Carregado de mim ando no mundo,
Soneto I - À margem de uma fonte, que corria
Soneto II - Na confusão do mais horrendo dia
Soneto III - Ditoso aquele, e bem-aventurado
Soneto IV - Casou-se nesta terra esta e aquele
Soneto V - Bote a sua casaca de veludo,
Soneto VI - A cada canto um grande conselheiro
Triste bahia

Em 1850, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen publicou 39 dos seus poemas na colectânea Florilégio da Poesia Brasileira (em Lisboa).

Afrânio Peixoto edita a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, excepto a parte pornográfica que aparecerá publicada, por fim, em 1968, por James Amado.

A sua obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de seus versos.

Entre seus grandes poemas está o "A cada canto um grande conselheiro", no qual critica os governantes da "cidade da Bahia" de sua época. Esta crítica é, no entanto, atemporal e universal - os "grandes conselheiros" não são mais que os indivíduos (políticos ou não) que "nos quer(em) governar cabana e vinha, não sabem governar sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro". A figura do "grande conselheiro" é a figura do hipócrita que aponta os pecados dos outros, sem olhar aos seus. Em resumo, é aquele que aconselha mas não segue os seus preceitos.

Gregório de Matos Faleceu aos 26 de novembro de 1695 em Recife-PE. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.

Fonte:
memoriaviva/gregorio

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