PERÍODOS DA LITERATURA - PARNASIANISMO

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De caráter exclusivamente poético, o parnasianismo é uma estética literária que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". Teve como sua primeira obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo): origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia - segundo a lenda, ali moravam os poetas.



Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.

Acontecimentos que marcaram a geração dos parnasianos brasileiros:

A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República.

A transição do século XIX para o século XX representou para o Brasil, um período de consolidação das novas instituições republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso material. Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo "Marechal de Ferro", Floriano Peixoto.

Características:

Arte pela arte
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não teria nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal. Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na decadência romana. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos elegantes.

Culto da forma
O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração formal. Essa mitologia da perfeição formal e, simultaneamente, a impotência dos poetas em alcançá-la de maneira definitiva são o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado "Perfeição".

Literatura - Parnasianismo


Os parnasianos consideravam como forma, a maneira do poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

* Metrificação rigorosa
* Rimas ricas
* Preferência pelo soneto
* Objetividade e impassibilidade
* Descritivismo

Literatura parnasiana


Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela "Deusa Forma". "Profissão de Fé", de Olavo Bilac, ilustra essa concepção formalista:

"Invejo ourives quando escrevo
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.(...)

Por isso, corre por servir-me
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel(...)

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim
(...)

Temática greco-romana: Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiram articular poemas sem conteúdos e foram obrigados a encontrar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas criações. Escolheram a antigüidade clássica, sua historia e sua mitologia. Assistimos então a centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos lendários e até mesmo objetos: "



A sesta de Nero", de Olavo Bilac foi considerado, na época, um grande poema:

"Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de Oriente.

Nero no trono ebúrneo estende-se indolente
Gemas em profusão no estágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.

Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia."

Poetas do Parnasianismo

Olavo Bilac(1865-1918)
Nasceu no Rio de janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário Público, inspetor escolar, exerceu constantemente atividade nacionalista, realizando pregações cívicas em todo o país. Paralelamente, teve certas veleidades boêmias e foi coroado como "Príncipe dos poetas brasileiros". Obras: Poesia (l888); Tarde (1918).

Parnasiano - Olavo Bilac


Olavo Bilac escreveu poesias com grande habilidade técnica sobre temas greco-romanos, a exemplo de quase todos os parnasianos. Se jamais abandonou sua meticulosa precisão, acabou destruindo aquela impassibilidade, exigida pela estética parnasiana. Fez numerosas descrições da natureza, ainda dentro do mito da objetividade absoluta, porém os seus melhores textos estão permeados por conotações subjetivas, indicando uma herança romântica. Bilac tratou do amor a parti de dois ângulos distintos: um platônico e outro sensual. A quase totalidade de seus textos amorosos tendem à celebração dos prazeres corpóreos.

"Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha, palpitante e viva (...)

Como uma vaga preguiçosa e lenta
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco
Sobe... Cinge-lhe a perna longamente;
Sobe ... e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! - prossegue

Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca (...)

E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios
Satânica ... abre um curto sorriso de volúpia."

Em alguns poemas, contudo, o erotismo perde essa vulgaridade, adquirindo força e beleza com em "In extremis". Na hora de uma morte imaginária, o poeta lamenta a perda das coisas concretas e sensuais da existência. Em um conjunto de sonetos intitulado Via-láctea, Bilac nos apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. O mais recitado desses sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro.

Identificado com o sistema, o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos dirigentes, oferecendo-lhes composições laudatórias. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e inventou um Brasil de heróis, transformando feroz bandeirante, como Fernão Dias, em apóstolo da nacionalidade. O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica:

"Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada
Do outono, quando a terra, em sede requeimada,
Bebera longamente as águas da estação,
Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata,
À frente dos peões filhos da rude mata,
Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão.

Além disso, cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, a "última flor do Lácio", as crianças, os soldados, a bandeira, os dias nacionais, etc.

Alberto de Oliveira (1857-1937)

Nasceu em Saquarema, Rio de Janeiro. Diploma-se em farmácia; inicia o curso de Medicina. Ao lado de Machado de Assis, faz parte ativa na Fundação da Academia de Letras. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Elegem-no "príncipe dos poetas brasileiros" num concurso promovido pela revista Fon-Fon, para substituir o lugar deixado por Olavo Bilac. Faleceu em Niterói, RJ, em 1937. Obras principais: Canções Românticas(1878); Meridionais(1884); Sonetos e Poemas(1885); Versos e rimas(1895). Foi de todos os parnasianos o que mais permaneceu atado aos mais rigorosos padrões do movimento. Manipulava os procedimentos técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível.

Parnasiano Alberto de Oliveira


Tinha como características principais da sua poesia a objetividade, a impassibilidade e correção técnica, a excessiva preocupação formal, sintaxe rebuscada e a fuga ao sentimental e ao piegas. Na poesia de Alberto de Oliveira, portanto, encontramos poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos descritivos. Uma poesia sobre coisas inanimadas.

Uma poesia tão morta como os objetos descritos, como vemos no poema Vaso Grego:

Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de os deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas há de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se de antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Raimundo Correia (1859-1911)

Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira.

Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia(1898).

Raimundo Correia - Parnasiano


De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à Europa, vindo a falecer em Paris. Obras Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887) Aleluias(1891)A exemplo dos demais componentes da tríade, Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso, dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema.

Tinha como características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da transitoriedade da ilusão humana, profundo se das virtualidades vocabulares. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem.

Fonte:escola.vesper.com.br

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